EMPRESAS moçambicanas ainda não conhecem o real conceito de responsabilidade social, segundo indica um estudo sobre a matéria esta semana publicado em Maputo, a capital do país.
Maputo, Sexta-Feira, 21 de Dezembro de 2007:: Notícias
“‘Há empresas pensando que criar condições de trabalho condignas para os seus trabalhadores é responsabilidade social, quando isso trata-se de sua obrigação em cumprir com a lei do Trabalho”, disse à AIM Paulo Mole, consultor da empresa de auditoria e consultoria KPMG, entidade que conduziu o estudo.
Segundo ele, essa percepção é de uma parte considerável das empresas moçambicanas.
O conceito de responsabilidade social considerado ideal pela pesquisa é baseado nos princípios do Pacto Global, uma iniciativa lançada pelas Nações Unidas visando envolver as empresas na solução dos desafios da globalização de forma sustentável e inclusiva. Tais princípios em enfoque para as áreas dos direitos humanos, Força do trabalho, meio ambiente e combate a corrupção.
Moçambique tornou-se signatário o Pacto Global em 2003, mas até ao primeiro semestre deste ano, altura da realização da pesquisa lançada esta Terça-feira, apenas 22 empresas tinham aderido a iniciativa.
Mole afirma que em Moçambique existem empresas que, por exemplo, não admitem pessoas portadoras de deficiência ou então os infectados por HIV/SIDA para o seu quadro de trabalhadores, não sendo por isso socialmente responsáveis.
A fonte afirma haver uma diferença entre as actividades filantrópicas e acções de responsabilidade social. No âmbito do segundo conceito, uma empresa pode construir uma escola junto da comunidade onde está instalada, apesar dessa tarefa ser do Estado, na expectativa deste empreendimento vir a formar a mão-de-obra que ela precisará no futuro.
Contrariamente, uma actividade filantrópica pode cingir-se numa simples oferta de alimentos.
“Nos países onde o conceito é mais claro as empresas apoiam as comunidades e em benefício disso o Estado lhes abate os impostos. É responsabilidade social porque a empresa conseguiu descobrir a necessidade daquele empreendimento. É por isso que se fala da necessidade de haver incentivos em Moçambique para a área de responsabilidade social”, disse ele.
Aquele funcionário sénior da KPMG entende ser necessária a implementação de um quadro legal ideal sobre a matéria de responsabilidade social, medida que também deve ser divulgado junto de organizações dos sindicatos, Organizações Não Governamentais, instituições do ensino superior, entre outras entidades.