PEDRO Chissano, no decurso da sua longa trajectória de cumplicidade com as palavras e com as letras, nunca tinha sido apedrejado com tanta violência como aconteceu nos últimos cerca de três anos. Ele era julgado todos os dias e condenado diariamente – e executado - pelo simples ou complicado facto de não ter livro nenhum publicado, apesar de ser escritor de fina pena. Pedro sofria bastante com isso. Desfalecia em alguns momentos. Ficava com vontade de voltar atrás. Chegou a perder – contra a sua postura – a serenidade que lhe é característica. Mas como a vontade de se libertar era imensa, sublevou-se e publicou “Boas Festas Chiquito”, nome de uma crónica constante da sua obra. “É pura coincidência, este livro não vem pelo natal”. É isso: Pedro Chissano alimentou no jornal Notícias uma coluna cujo nome era Quiquirigó, que depois evoluiu para Polígono II, nome ligado à guerra, ou à histórias da guerra.
Uma história que inclui uma fase em que o escritor conhece o general Mateus Ngonhamo a quem disse, segundo as suas palavras – num tom de amizade e fraternidade – que deixasse de treinar tropas e passasse a treinar palavras. Isso em alusão da necessidade da paz. Mas o lançamento deste livro não pode ser considerado, de forma alguma, como sendo uma vingança, de si mesmo, ou contra os outros. Não. A saída deste trabalho é sobretudo uma catarse, o abrir de uma porta para outros desafios que estão no regaço daquele que também tem a missão de resgatar passados.
Maputo, Quarta-Feira, 26 de Dezembro de 2007:: Notícias
- Comecemos pelo título. Será uma prenda de natal?
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