Para melhor aproveitamento dos recursos financeiros
Por Anselmo Sengo
O ministro das Obras Pública e Habitação (MOPH), Felício Zacarias, vai propor ao Conselho de Ministros um projecto que incorpore ao seu ministério os sectores hidráulico e agrícola do regadio de Chókwè. O presidente do Conselho de Administração da Hidráulica de Chókwè, Samuel Matsule, afirma que para a operacionalização do regadio de Chókwè é preciso reverificar os troços já reabilitados e testar a capacidade de irrigação do sistema do regadio.
O Estado moçambicano tem investido milhões de dólares no “monstro” outrora considerado celeiro da nação, devido à sua capacidade de abastecer os mercados nacionais, principalmente da região Sul do país.
Justificações são várias, destacando--se a alegada incapacidade financeira dos camponeses.
O baixo Limpopo, constituído por uma área de 23 mil hectares de terra arável, ficou profundamente destruído pelas cheias que afectaram a região Sul do país no ano 2000. O Governo mobilizou fundos junto da comunidade doadora para a reabilitação do mesmo que, segundo apurámos, custou pouco mais de um milhão de dólares, cuja inauguração aconteceu numa cerimónia muito concorrida em 2004.
Em paralelo, o Governo aplicou, nos últimos três anos, 60 milhões de dólares na reabilitação da Barragem de Massingir com o intuito de garantir o abastecimento de água à baixa de Chókwè.
Todavia, três anos depois da sua inauguração, o baixo Limpopo é caracterizado por obras que nunca mais terminam e subaproveitamento das terras aráveis, aliado ao facto dos agricultores queixarem-se de dificuldades de acesso às máquinas agrícolas, falta de água e de financiamento.
Face a isso, Felício Zacarias, na sua visita recente às obras de reabilitação da ponte que liga Chókwè e Guijá, disse que esteve reunido com o novo presidente do Conselho de Administração da Hidráulica de
Chókwè, empresa pública (HICEP), Salomão Matsule.
A HICEP é a entidade estatal criada para gerir o regadio de Chókwè após a sua reabilitação.
Depois desse encontro, de acordo com Felício Zacarias, o MOPH tem vindo a discutir o problema da
inoperacionalidade do regadio do Chókwè, particularmente na componente relacionada com os sectores
hidráulico e agrícola há algum tempo.
“As obras de reabilitação da hidráulica deveriam ser todas elas feitas pelo Ministério das Obras Públicas e
Habitação, que, depois de construídas e concluídas, nós passaríamos as mesmas para o Ministério da Agricultura para fazer o trabalho que lhe diz respeito”, justificou.
No caso concreto, acrescenta, se na reabilitação da Barragem de Massingir tivesse sido incorporada a reabilitação do açude de Macarretane e a componente agrícola na reabilitação da vala principal do regadio de Chókwè, seria fácil mobilizar fundos.
“Nós estamos a trabalhar só a montante, mas podemos juntar as duas coisas, pegando na parte ajusante do regadio, concluir tudo e entregar depois à agricultura. É preciso sairmos da palavra ao acto, para o efeito, temos que trabalhar no sentido de levar uma proposta concreta ao Conselho de Ministro para decidir se os sectores de hidráulica e agricultura passam ou não às obras públicas”, referiu.
Quanto ao subaproveitamento da baixa do Limpopo, Zacarias referiu que o problema não é a falta de água, argumentando que existem outros problemas ajusante que não estão relacionados com a falta de água para a irrigação dos campos agrícola.
“Os canais estão cheios, mas há outros problemas que devem ser resolvidos ajusante”, precisou Felício Zacarias.
“É preciso reverificar os troços reabilitados”
Salomão Matsule, PCA do HICEP, reconhece também que a exploração dos 23 mil hectares que constituem o perímetro irrigado de Chókwè não satisfaz, sublinhando no entanto que a solução passa pela reposição em primeiro lugar de todo o sistema de regadio.
“É preciso reverificar os troços já reabilitados e testar a capacidade de irrigação do sistema”, sublinha
Considera, contudo, que o Estado moçambicano tem estado a fazer um grande esforço financeiro para recuperar a capacidade de encaixe da água do regadio, para o efeito, foi acrescida a capacidade de irrigação do mesmo através da reabilitação da barragem de Massingir e do açude da barragem de Macarretane.
O objectivo das obras, precisou Matsule, não é recuperar as barragens e o sistema de regadio, mas, sim, ter o perímetro irrigado todo ele explorado em pleno.
“Temos uma visão estratégica para tornar novamente Chókwè como celeiro da nação. Por isso, a partir desta próxima campanha agrícola, iremos à água juntar a terra e todos outros factores que determinam a gestão do território para termos os agricultores a explorar a terra. Queremos que todo espaço do perímetro irrigado seja ocupado pela produção agrícola”, referiu.
Questionado se havia ou não condições para repor os canais secundário e terciários, Matsule respondeu que o esforço empreendido pelo Governo para repor o então celeiro da Nação é grande. “O importante é haver disponibilidade de intercâmbio institucional entre os Ministérios da Agricultura e das Obras Públicas e Habitação para tudo se fazer para termos o sistema do regadio operacional”.
SAVANA - 30.11.2007