Cahora Bassa
Por Fernando Gonçalves
Enquanto as equipas técnicas negociais faziam os últimos cortes nos “ts” e colocavam os pontos nos “is”, Guebuza entretinha-se com os seus hóspedes no Songo, taça de Champagne em punho, esperando apenas que lhe dessem o toque final para a celebração.
Era Terça-Feira, dia 27 de Novembro, muito sol e calor, aliviado apenas pela brisa que soprava do topo das montanhas que circundam a pequena vila que nesse dia virou o local de peregrinação da nata do poder político e económico de Moçambique, acrescida ainda com a presença de quatro Chefes de Estado e outras individualidades estrangeiras para participar na festa da passagem da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) para o controlo de Moçambique. Depois de receber os ilustres hóspedes no aeródromo do Songo, Guebuza convidou-os a visitarem o local da barragem, antes da realização do comício, como estava previsto.
A fase mais derradeira das negociações decorria desde o fim da tarde de Segunda Feira, e pelo que estava programado terminaria na noite do mesmo dia, com o pagamento dos 700 milhões de dólares que a transacção custou a Moçambique. Na mesma noite, teria lugar a reunião da Assembleia Geral para o realinhamento da estrutura do Conselho de Administração, fazendo-o reflectir o novo figurino accionista, em que Moçambique passa a deter 85 porcento das acções, contra os 15 porcento de Portugal.