CONTRA todas as expectativas criadas no seio das vítimas das explosões do paiol de Malhazine, na cidade de Maputo, cujas residências ficaram totalmente destruídas, o Gabinete de Apoio e Reconstrução (GAR) não conseguiu proceder à entrega das habitações inicialmente estava agendada para última sexta-feira, em virtude de estarem ainda em construção. Esta situação deixou completamente agastadas as famílias que até hoje, nove meses após o incidente, ainda estão a dormir nas tendas, casas de vizinhos, familiares e outras pessoas de boa fé.
Maputo, Quarta-Feira, 26 de Dezembro de 2007:: Notícias
A 18 de Agosto, o GAR e o Conselho Municipal da Cidade de Maputo procederam ao lançamento da primeira pedra para a construção de 40 casas no bairro de Zimpeto. Na altura, tanto o presidente do CMCM, Eneas Comiche, como a directora do GAR, Cristina Matavele, garantiram que o processo de construção estaria concluído até Dezembro, pelo que todas as vítimas com as casas totalmente destruídas passariam as festas do Natal e do fim-do-ano nas suas novas casas.
“Todas as pessoas cujas casas foram destruídas pelo paiol vão passar as festas do Natal e do Fim-do-Ano nas suas próprias casas”, assegurou, na altura, Eneas Comiche, secundado pela directora do GAR, que na ocasião deu a conhecer que um total de 116 casas danificadas estavam a ser construídas em diferentes bairros, enquanto que um total de 42 haviam já sido entregues aos proprietários.
Aliás, a necessidade de entrega das casas a famílias que viram as suas residências totalmente destruídas pelas explosões que deflagraram a partir do paiol das FADM, até Dezembro, foi uma decisão tomada pelo Conselho de Ministros, numa das suas sessões realizadas este ano.
Na nossa edição do dia 19 de Dezembro corrente alertámos sobre o risco do incumprimento dos prazos de entrega das casas às vítimas, devido à lentidão com que as obras de construção decorriam. Entretanto, na altura, o GAR reiterou na ocasião que procederia à entrega das casas até sexta-feira última.
“As famílias visadas poderão estar a fazer uma certa confusão, porque o que nós vamos entregar são as casas que haviam sido totalmente destruídas, enquanto que as reabilitações parciais prolongar-se-ão até Abril do próximo ano”, disse, telefonicamente a directora do GAR.
Num outro contacto, aquela directora convidou a nossa Reportagem a testemunhar na mesma sexta-feira a cerimónia de entrega das referidas habitações. Chegado o dia, a nossa Reportagem deslocou-se ao complexo residencial do Zimpeto, onde constatou que os pedreiros encontravam-se a fazer ainda a cobertura de 18 casas, não tendo acontecido a entrega das casas no dia marcado. A construção das restantes 22 casas de tipo um, no mesmo local, também ainda não arrancou.
Não foi possível contactar a directora do GAR, Cristina Matavel, sobre este assunto, pois embora estivesse no local dos factos, não se predispôs a tecer comentários.
No local ficava a desilusão de dezenas de famílias devido ao facto. Algumas dessas vítimas não contiveram as suas lágrimas, tendo de forma desesperada clamado pela urgência na conclusão das suas residências.
A nossa reportagem ficou a saber através das vítimas que a directora do GAR fez-se ao local, naquele dia, para informar às famílias que as casas ainda não estão prontas e só seriam entregues dentro em breve, sem no entanto, indicar a data para tal efeito.
Luísa Zucula, uma das vítimas que estava no local para receber as chaves da sua casa, disse que “as festas são para eles que têm casas, nós não teremos nenhuma festa porque estamos preocupados com as nossas casas”. Ela veio aqui e não nos disse quando é que vão nos entregar as casas, só disse para esperarmos”, precisou questionado-se, depois; “mas é para esperarmos até quando?”.
Para Cristina Romão, esta demora demonstra uma total falta de consideração pelas pessoas que sofreram e continuam a sofrer devido às explosões do paiol. Não estamos a pedir favor, mas sim a exigir os nossos direitos”, disse, acrescentando que “isto é brincadeira de mau gosto.”, disse a fonte.
Fátima Augusto, também uma das vítimas do paiol ainda à espera de receber casa, lamentou a situação nos seguintes termos: “como é que vamos passar as festas sem tecto, panelas, nem mantas para nos cobrirmos?”.