Aparentemente sem dono nem destino
-Revela Fernando Couto, Administrador do Corredor de Desenvolvimento do Norte
Aproximadamente 700 contentores de madeira de diversa espécie continuam a ocupar um terço do espaço do Porto de Nacala, devido ao facto de os respectivos proprietários, de origem asiática, terem “sumido” sem qualquer explicação.
A carga em causa, que está a provocar a “asfixia” do espaço daquela infra-estrutura portuária, foi apreendida, há meses atrás, quando as autoridades detectaram um esquema fraudulento de exportação ilegal de madeira em toros para um país asiático, engendrado a partir dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia em Nampula, com ramificações nos Serviços Distritais de Actividades Económicos naquela cidade costeira.
De acordo com Fernando Couto, gestor do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), os mencionados contentores encontram-se, deste modo, em estado de abandono, pese embora o tribunal aduaneiro de Nacala-Porto ter, recentemente, ordenado a sua devolução aos donos mediante o pagamento de uma caução promulgada por decisão judicial.
A fonte revelou que os custos da manutenção dos cerca de 700 contentores da famigerada madeira, naquele
recinto ferroportuário, estimam-se, até agora, em 300 mil dólares, valor que, eventualmente, será acrescido de 700 mil dólares a serem pagos à agência de navegação, que havia sido contratada para o efeito, totalizando um milhão de dólares americanos.
Na óptica do nosso entrevistado, esta quantia dificilmente será desembolsada pelos responsáveis da famigerada madeira, visto que nunca ninguém apareceu a reclamá-la.
Couto observou que não houve resposta dos madeireiros em relação às contas que têm a pagar, sublinhando que se o Porto de Nacala não for contactado no sentido de se ultrapassar o impasse, então será obrigado a tomar medidas tendentes a desembaraçar-se da incómoda “batata quente” que está retida nas “suas mãos”.
Entretanto, Fernando Couto, que falava numa conferência de imprensa realizada, na semana ora em curso, em Caramage 2, que dista 64 quilómetros a noroeste da cidade de Nampula, realçou que o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) não ficou de braços cruzados, à espera da ajuda de “terceiros” para proceder à reabilitação do troço danificado há uma semana, em consequência das chuvas intensas que se têm abatido sobre a região.
Acrescentou que um incidente do género havia ocorrido, também em data recente, no interior do Malawi, principal cliente do CDN, concretamente em Balaka, a 100 quilómetros de Blantyre, capital daquele país, afectando, de certo modo, o acordo de intenções que visa a exportação, a partir do Porto de Nacala, de uma quantidade não especificada de tabaco oriundo daquela região, com todos os transtornos subsequentes.
O impacto derivado da paralisação da via é negativo, visto que há cargas de fertilizantes para o Malawi, que
possuem um tempo útil de utilização e que se destinam à campanha agrícola já em curso naquele país. Referiu, sublinhando que devido ao espaço de tempo em que o tráfego ferroviário esteve interrompido, agravado pelas limitações da circulação dos comboios no período nocturno, a colecta de receitas por parte do CDN iria ser bastante afectadas.
Por outro lado, Fernando Couto lamentou a demora do escoamento, em tempo útil, da mercadoria destinada ao Malawi, especificamente fertilizantes, que tem causado alguns constrangimentos nos acordos estabelecidos com o governo daquele país.
Na ocasião, revelou que o CDN prevê, a breve trecho, a construção de um novo aqueduto, em Caramage 2, com capacidade para dar vazão às intensas descargas pluviométricas que têm fustigado este ponto do país.
Afirmou que a mobilização de meios humanos e materiais, para o efeito, está condicionado ao abrandamento das chuvas, observando que a precariedade do troço impõe, presentemente, a redução da circulação diária de comboios, de seis para quatro . A medida tem em vista proporcionar a necessária segurança aos passageiros, bem como à mercadoria sob responsabilidade do CDN, além de permitir a conclusão do trabalho, ainda em curso, em Caramage 2, sem quaisquer sobressaltos.
WAMPHULA FAX - 11.01.2008
NOTA:
Independentemente dos danos à floresta, como é possível entrarem na zona portuária, não meia dúzia, mas setecentos contentores de madeira, cujos donos agora não são encontrados. Quem constará nos documentos?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE