Cheias do Zambeze
Parte das bermas da estrada apresenta-se com os solos completamente removidos, estando o empreiteiro português da ponte, Mota-Engil e Soares da Costa, envolvido na restauração física da estrada, ao abrigo do contrato da obra. Segundo as previsões, tudo indica que a rampa principal poderá vir a ser retomada em Fevereiro próximo, caso se mantenha a estabilização dos níveis daquele rio.
Para já, com a ajuda das forças da Marinha e da Polícia de Trânsito, as viaturas ficam estacionadas numa distância de aproximadamente quatro quilómetros, descendo gradualmente de forma organizada. Isto visa dar lugar ao decurso das obras, cuja via se encontra bloqueada para o efeito.
Consequentemente, formam-se longas filas de viaturas nas duas margens.
Além disso, o transtorno estende-se ainda para o tempo de travessia, que aumentou de 15 para 50 minutos, e o leito passou dos anteriores 700 para 2500 metros.
O rio regista fortes correntes, o que obriga a uma determinada pressão no funcionamento dos dois batelões ali baseados, com capacidade de transportar 120 e 90 toneladas cada.
Deste modo, reduz-se o número de viagens, originando a acumulação de veículos automóveis.
Mesmo assim, os utentes comportam-se a contento, mormente os motoristas de longo curso, o que faz com que não hajam desmandos na travessia.
Até agora, uma parte da estrada está submersa, apresentando-se com sítios críticos, sendo transitável numa extensão de apenas 1700 metros.
Trata-se, na óptica de Elias Paulo, director do projecto da ponte sobre o Zambeze, de uma situação normal que acontece com as cheias e inundações em qualquer lugar, porque os solos compactados não resistem à fúria das águas.
Entretanto, as autoridades gestoras das calamidades naturais no país confirmaram há dias mais um caso de morte por naufrágio de canoa e o desaparecimento de outras duas pessoas. Trata-se do corpo de uma mulher e de pai e filho, que foram notificados no distrito de Chinde, na Zambézia.
Paulo Zucula, director/geral do INGC, indicou que já se realizaram as cerimónias fúnebres da senhora perecida, enquanto prosseguem as buscas para localizar os desaparecidos. Além disso, foi visto há dias ao longo do Zambeze um corpo a flutuar.
Até agora foram registados um cumulativo de oito mortes confirmadas, das quais duas provocadas por trovoada e outras não esclarecidas. Um caso de homicídio voluntário foi registado na passada sexta-feira num dos centros de acomodação em Caia.
Nos últimos dias, a bacia do Zambeze tem sido fustigada por chuvas intensas no país, na Zâmbia, Zimbabwe e Malawi, o que poderá agravar a situação das inundações e cheias.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA - 30.01.2008