CRISE NO QUENIA!
Por: Manuel de Araujo*
A chegada de Koffi Annan a Nairobi, apesar de atrasada e na opinião de muitos observadores uma victória. Se somada ao facto de no seu primeiro encontro a equipa de Koffi (que integra a nossa Mama Graça e o tio Mkapa) ter conseguido que o lider da oposição Raila Odinga suspendesse formalmente as manifestações (que a nosso ver ja tinham sido suspensas a semana passada, quando se anunciou a mudança de estrategias, passando-se a sabotagem a interesses económicos ligados ao Presidente Kibaki) então os dados parecem indicar que estamos no caminho certo.
Contudo, Koffi e companhia enfrentam hoje a mais dura batalha de todo o processo. É que mesmo antes de chegar a Nairobi, e quiçá por causa disso foi atrasada a chegada de Koffi, mais um membro da clique de Kibaki repetiu as frases que o ministro das finanças dissera dias antes da chegada a Nairobi do Presidente da União Africana, o também Ghanense John Kouffor, o que ditou o fracasso da missão da União Africana e o regresso humilhante de Kouffor à proveniencia de mãos vazias! Na altura o ministro das finanças teria dito que Kouffor não vinha ao Quenia a convite do governo Queniano! Esta derrota humilhante de uma missão da União Africana representa um duro golpe nos esforços da criação de uma União Africana nã apenas de juri, mas de facto e levanta questões sérias sobre a sua viabilidade e utilidade. A questão que se coloca é simples. Se qualquer chefe de
Estado ou de governo de um Estado membro pode, a seu bel-prazer e sem consequências graves, mandar passear uma missão da União Africana e ainda por cima chefiada pelo respectivo presidente, então para que é que serve a União Africana? Se não serve para nada então porque e que todos os anos o meu país tem que tirar do meu probre bolso, as poucas quinhentas que ganho duramente para pagar as quotas de uma organização que qualquer pobre mortal pode mandar passear? Porque é que o meu magro imposto ao invés de conribuir para a construção de mais escolas, hospitais, estradas e desviado para pagar as despesas de participação de uma delegação enorme do meu país que anualmente participa em várias cimeiras sem resultados palpáveis? Com estas inquietações não estamos a dizer que Moçambique deve parar de participar
nessas cimeiras. Devemos sim é reequacionar a forma como participamos nessas cimeiras tendo como base critérios sérios e objectivos de avaliação de ganhos, custos e benefícios que advem dessa operação. E quiçá, exigirmos ao mais alto nível para que essas organizações sejam mais efectivas e desempenhem o papel para que foram criadas! Não podemos continuar a gastar milhões de dolares em passeatas, quando não temos recursos para apoiar as vítimas das cheias em Mutarara ou Mopeia. Aqui se calhar a opção Angolana seja uma possibilidade. Tendo dito o acima exposto, importa aferir que as esperanças do povo
Queniano repousam na capacidade, experiência e no leverage que a equipa de Annan leva para a mesa de negociações.
Conseguirá Annan fazer aquilo que nenhum dos anteriores negociadores (Tenday Frazer dos EUA, John Kouffor da União Africana, Desmond Tutu, Kenneth Kaunda, Louis Michel da União Europeia) conseguiu fazer até hoje- colocar na mesma mesa Kibabi e Odinga (que até já pertenceram ao mesmo partido)?
* Deputado pela RENAMO-UE
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA - 25.01.2008