A FALTA de água é um facto nalgumas zonas residenciais dos bairros Costa do Sol e Pescadores, a escassos quilómetros do centro da capital do país. Gente cruzando ruas à procura deste líquido essencial, por vezes chega a percorrer dez quilómetros para o bairro “mais próximo”, o das Mahotas, tudo porque grande parte dos poços brota apenas água imprópria para o consumo. Na impossibilidade de percorrer grandes distâncias, gente há, sobretudo idosos, que disputa água com répteis, esquivando com o maior cuidado possível. Impurezas como caniço, folhas de árvores, brinquedos e outros corpos estranhos são atirados para o interior do poço, fazendo também parte da água de que bebem aqueles concidadãos. Os menores fazem-no por inocência e os mais velhos por má-fé.
Maputo, Quinta-Feira, 24 de Janeiro de 2008:: Notícias
O fenómeno da falta de água naquelas zonas residenciais não é novidade e está a tornar-se crónico. Mas à medida que o tempo passa ganha outras proporções. A população não pára de crescer e ao seu ritmo cresce também o nível de consumo que não encontra resposta à altura. Esta crise dá espaço a ideias inovadoras: alguns indivíduos atentos e aptos para o empreendedorismo têm já um negócio naquela zona. De viaturas e reservatórios, entram pelos bairros adentro e vendem água a quem estiver em condições de adquiri-la, mediante o pagamento de cinco a seis meticais por recipiente de 20 litros.
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