DÉCIO MILTON *
Cerca de quatro mil famílias do distrito de Ribáuè, em Nampula, não vão fazer a cultura de tabaco na presente época agrícola pelo facto de não terem liquidado as suas dívidas relacionadas com insumos de que beneficiaram a crédito da parte da SONIL, uma concessionária local do ramo que, como consequência directa da desonestidade de alguns produtores, reclama prejuízos estimados em pouco mais de sete milhões de meticais.
A medida não é de toda ela agradável para o governo distrital que alega que pelo facto o poder de compra dos produtores vai baixar significativamente, podendo vender a sua produção alimentar para conseguir receitas para suprir as necessidades básicas, entre elas educação dos filhos, vestuário e melhoramento da habitação.
Uma fonte da SONIL que fomenta tabaco nos distritos de Ribáuè e Malema, em Nampula, referiu que os prejuízos decorrentes do não pagamento dos insumos entregues aos produtores, basicamente o adubo, a empresa somou um prejuízo na ordem dos 7.048 milhões de meticais.
Acrescentou que os produtores de tabaco naquele ponto são vulneráveis e uma pequena subida de preço de
compra desestabiliza o mercado e foi o que aconteceu na época agrícola finda em que a Mozambique Liffe
Tobaco (MLT), decidiu aumentar dois meticais/quilograma de toda a classe de tabaco.
Esta manobra, segundo a fonte, atraiu os produtores que foram vender a sua produção no vizinho distrito de Alto-Molócuè, na Zambézia.
Estima-se em 600 toneladas a quantidade de tabaco vendida à MLT sem que esta multinacional tenha acarretado com os custos de aquisição de adubos, sobretudo.
“Não vamos continuar a somar prejuízos em todas as campanhas, pois corremos o risco de encerrar a empresa”, disse Kalid Satar, sócio-gerente da SONIL, que acrescentou terem sido igualmente reduzidas as
quantidades de adubos a disponibilizar aos produtores na presente época.
Os produtores usam o adubo que levantam na SONIL destinado à prática do tabaco para preparar as suas áreas onde fazem hortícolas sendo por isso que os distritos de Malema e Ribáuè constituem os maiores produtores de cebola, alhos, feijões, tomate, cenoura, couve e repolho que abastece o mercado da zona Norte.
Contudo, para Kalid Satar, esse facto não constitui preocupação para a sua empresa, porque se conseguirem vender a sua produção podem depois amortizar as suas dívidas, o que, segundo ele, não
acontece de forma corrente ou desejável.
* nosso correspondente em Nampula
CORREIO DA MANHÃ - 23.01.2008