OS pequenos burgueses – particularmente os da cidade de Maputo –, quando vão aos locais de produção de canhu, em épocas de fartura desta bebida afrodisíaca, fazem-no normalmente por capricho. Mobilizam os meios luxuosos de que dispõem, vestindo roupas caras, tudo luzidio, e vão passear. Misturando naqueles pequenos instantes – com petulância - a sua riqueza com a degradação do tecido social daqueles que padecem bastante para ver uma côdea de pão à sua mesa.
Maputo, Quarta-Feira, 23 de Janeiro de 2008:: Notícias
E o canhu já começou a jorrar. Novamente. Como acontece todos os anos em vários pontos das províncias de Maputo e Gaza – e um pouco em Inhambane - por estas alturas do ano. Quer dizer, com a abertura da época, iniciaram também as procissões de gente abastada e outra menos abastada, que aos fins-de-semana irá ao campo para humilhar os pobres, ostentando a sua riqueza, bebendo canhu como “meninos bonitos”, com petisco preparado por esses mesmos pobres e, para esmagar ainda mais a alma daqueles que sobrevivem no sofrimento diário, desempantorram as barrigas com whisky das marcas mais prestigiadas do mundo.
Nunca será redundante falarmos das épocas do canhu no nosso país, porque este é um momento importante para a vida da população residente nos locais onde se produz a fruta que dará esta bebida detentora de muitas histórias, exaltadas por cenas de adultério que nunca serão julgadas por ninguém, por motivos aparentemente óbvios.
Leia em:
Download estamos_na_poca_da_mtica_bebida.doc