A propósito deste texto, retirei da NET:
Contactei alguns mais velhos bem informados em Maputo e me informaram o seguinte:
1. Os passaportes diplomáticos tinham capa vermelha a distinguir dos outros normais de capa azul-escura. Os passaportes diplomáticos têm certas regalias da não necessidade de visto que pode ser adquirido provisoriamente à chegada no aeroporto do país que pisam ao abrigo da convenção de Viena. Claro que ultimamente há serviços de fronteira internacionais que ignoram isso por medo de falsificações e complicam a entrada a seus portadores. (Por exemplo houve um conhecido batedor moçambicano de Mercedes que foi detido pela SAP num high-jack à mºao armada em Johannesburg há poucos anos (Sandtown ?) e tinha um passaporte diplomático moçambicano autêntico em seu nome. Havia um esquema de pirataria com funcionários estatais em Maputo. Felizmente a polícia moçambicana actuou rápido alertada pela sul-africana).
2. Não foi somente o Eusébio a ter a dupla nacionalidade mesmo por cima da lei.
3. À pintora Bertina Lopes, moçambicana de origem, também lhe foi oferecida um passaporte diplomático por Samora Machel. Nota ela já tinha 1 passaporte português por ter saído de Moçambique colónia portuguesa, antes de 25 Junho 1975 e tinha outro italiano por casamento. 3 no total. Auto-exilou-se em Itália escapando à Pide muito antes da luta armada.
4. Tem-se conhecimento de alguns deputados da Frelimo e da Renamo que tem dupla nacionalidade (não oficialmente mas têm). Não precisam de visto para entrarem em Portugal e no Paquistão e num ou outro país africano e europeu e mesmo alguns detentores de passaporte dos EUA.
5. Em relação a Eusébio é sem dúvida africano-moçambicano de origem com dupla nacionalidade. Quando foi grande jogador de futebol mundial foi antes da independência de Moçambique e todos moçambicanos tinham estatuto de "portugueses" por viverem numa colónia portuguesa. Atentem num discurso do Presidente Joaquim Chissano sobre o assunto ainda para mais ele que foi vice-comandante de Castelo da fascista Mocidade Portuguesa quando aluno do Liceu Salazar (Josina Machel). Pascoal Mocumbi era o comandante de castelo na década de 1950/60.
6. Em relação a Eusébio, o idioma que ele domina melhor é o ronga e só depois o português, apesar de se expressar melhor em inglês que em português. Samora Machel ao lhe restituir uma casa na Polana em troca do prédio danificado na entrada da Mafalala na av. Marien Gouabi, talvez quis mostrar ao mundo que não ligava ao facto de ele (Eusébio) ter dito em entrevista em Portugal que a Frelimo lhe roubara o prédio. Foi uma "bofetada" sem mão estilo Samora. A esposa de Eusébio na altura andou atarefada em compras em Lisboa para a decoração da nova casa concedida por ordem presidencial em 1983.
Aliás Samora Machel no seu estilo, dizem, ter prometido muita coisa nessa viagem a Lisboa (10.1983) no tempo de Ramalho Eanes, como a restituição de vivendas e prédios a antigos colonos e que seus antigos veteranos da luta armada (actuais ocupantes) se recusaram a sair das mesmas caso aparecessem os antigos donos portugueses. Desafiaram Samora Machel. Também me disseram que nessa viagem, Samora Machel foi enganado com a restituição dos restos mortais de alguém que nem era Gungunhana mas sim um português qualquer enterrado nos Açores que seguiu para Maputo e ficou "prisioneiro" na Fortaleza. Esse tema tenho de perguntar a alguém para me explicar melhor como foi. Mas a quem? Disseram-me que o sr. Luís Bernardo sabe da verdade. Será?
7. Fui informado que em Dezembro de 1995 nas Nações Unidas, o presidente Joaquim Chissano exortou os moçambicanos em todo mundo que se integrassem socialmente nos países onde se encontrassem e se pudessem adquirissem a nacionalidade desses países e que esse facto nunca os faria deixar de serem moçambicanos. Era uma forma prática de não se desligarem da Pátria moçambicana. É assim que países como os EUA e outros europeus têm enriquecido com as diásporas que acolhem dando-lhes as nacionalidades daí. Moçambique não podia nem devia ser excepção e evitavam-se aparentes violações à lei da nacionalidade pois na realidade tornou-se muito vulgar. É preciso é saber dar a nacionalidade a quem a merece sem que isso implique anular a que já possuía antes. É sempre uma mais valia e ganham todos: os países envolvidos e os detentores dessa dupla nacionalidade. Claro que a de origem pode pesar mais no coração e na cultura, mas nos países em que se encontrarem terão de respeitar as leis daí dignificando essa nacionalidade. Uma é a nacionalidade da raiz da terra e a outra nacionalidade da subsistência socioeconómica e profissional através da integração. Faz parte da Carta dos Direitos Humanos da UN. Somos também cidadãos do mundo como disse um filósofo da Grécia antiga. Na política é importante não ser ingénuo e acreditar que todos os líderes são inocentes e não entram em contradição com o que dizem para o seu povo. Chama-se demagogia ou para dizer à moçambicana - muitas vezes é " papo furado".
Queria agradecer pela paciência aos mais velhos que contactei e me elucidaram sobre este tema que também me punha confuso como à maioria dos que deixaram aqui sua opinião. E o caso não era para menos de tanta propaganda que temos ouvido desde que nascemos, nós, a juventude, que somos filhos da independência moçambicana.
L.M.M (um jovem moçambicano beirense, inconformado)
Recorde em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2008/01/eusebio-is-not.html