A comunicação social moçambicana e internacional, no que se refere às cheias em Moçambique, tem dado a devida atenção e destaque às consequências que humanamente preocupam e afligem em particular os que por elas são afectados. Nesse sentido e recentemente, a Rádio Moçambique destacou a intervenção do governador de Sofala, Alberto Vaquina, que vem instando as vítimas das cheias e inundações do rio Púnguè, no distrito de Dondo, a abandonarem definitivamente as zonas ribeirinhas para locais seguros. Aliás, tem sido a tónica dominante do Governo de Moçambique no seu todo, das instituições e organizações nacionais e
internacionais, já com experiência e traquejo que lhes vem desde 2000/2001.
Com as dificuldades de lidar com um problema desta natureza, que afecta milhares de pessoas a nível do país, e recursos necessários que se têm de mobilizar, mesmo considerando que tivesse havido perda de um ser humano que fosse, tudo deve ser feito, ao nosso alcance, para o evitar. Todos sabemos que a vida de
uma pessoa não se mede por números, não se quantifica! Lidar com aquilo que parece evidente para uns, não o é para outros. Ter de sair desta forma, com as cheias no seu encalço, abandonar a casa, os seus já de si parcos haveres, os seus antepassados, as suas culturas, são todas as suas ilusões que se desmoronam! É caso para dizer: são “ECOS QUE SE OUVEM DE LONGE”. A comunidade internacional começou a movimentar-se e ir ao encontro das necessidades colocadas pelo Governo moçambicano, que no terreno e apoiado pelas organizações humanitárias e de solidariedade social sabe o que é mais necessário e como fazer chegar aos mais carenciados, sejam medicamentos, sementes, equipamentos agrícolas, roupas, produtos alimentares, artigos escolares, materiais de construção civil, valores em numerário. A indispensável necessidade de meios aéreos em evacuações, transporte de pessoas e bens é bastante onerosa, como todos julgamos saber. São os aviões e helicópteros necessários, são os pilotos que com segurança não trabalham vinte e quatro horas por dia, por exemplo, pessoal de apoio, os ainda elevados custos de combustíveis e manutenção. Bem, os contactos e as acções estão em curso.
Acredito que os efeitos negativos das cheias junto das populações moçambicanas afectadas poderão ser reduzidos também por esta via. É sempre tudo pouco. Aqui fica mais um pequenino apelo!
Augusto Macedo Pinto
(Advogado, Antigo Cônsul de Moçambique em Portugal).
MATINAL - 25.01.2008