“Não haverá choque com a produção alimentar”
- Soares Nhaca, Ministro da Agricultura
Em conversa com o mediFAX semana finda em Maputo, o Ministro da Agricultura Soares Nhaca garantiu que os projectos para a produção de Biocmbustíveis não estão em rota de colisão com a produção alimentar . O argumento de Nhaca é que as culturas para a produção de Biocombustíveis podem se desenvolver em solos marginais e assim, as áreas de potencial agrícola para a produção alimentar não serão usadas. A dado passo, referiu que o executivo está a fazer o mapeamento do País para identificar as zonas que serão usadas para a produção de oleaginosas que irão alimentar a indústria de combustíveis de origem vegetal.
“ O Governo decidiu que a produção de culturas para Biocombustíveis no País, só deverá ser feita em solos marginais, e isso permite visualizar que não haverá choque com a produção alimentar. Neste momento decorre o mapeamento do País e isso vai permitir identificar com exactidão as zonas para a produção de oleaginosas que irão alimentar a indústria de combustíveis de origem vegetal (os Biocombustíveis)”, disse Nhaca.
Ao longo da sua alocução, o nosso interlocutor disse que actualmente, o País tem identificados 3 milhões de
hectares de terra que podem ser usados para a produção de culturas para Biocombustíveis, mas que nessa
área, o Governo ainda não autorizou nenhum projecto.
Procana
Questionamos ao ministro as razões que nortearam a aprovação do projecto Procana ( um mega-pojecto de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar), no distrito de Massingir, província de Gaza, numa altura em que está em curso o mapeamento do País. O nosso questionamento estendeu-se à questão da água que deixa os agricultores do Baixo Limpopo preocupados por temer que a Procana lhes deixe sem água. Soares Nhaca retorquiu que “ à Procana foram atribuídos 30 mil hectares de terra para a produção de etanol a partir
da cana-de-açúcar, não haverá esbanjamento da água porque será usado um sistema de rega moderno, o sistema gota a gota que só coloca água onde ela é necessária, é claro que vai consumir água, mas todos os elementos foram ponderados e só assim é que se decidiu aprovar aquele projecto”.
Ainda a justificar a aposta em Biocombustíveis, Soares Nhaca explicou que esta questão (Biocombustíveis) não pode ser vista somente na vertente em que pode chocar ou não com a produção alimentar, há que se considerar o que o País gasta na importação de combustíveis fósseis.
“ Não é só analisar a questão de água, tem que se ver quanto é que Moçambique gasta na importação de combustíveis fósseis, o País precisa de se libertar da dependência em relação a estes combustíveis (fósseis)”.
Em relação à polémica questão que tem a ver com o envolvimento dos camponeses na produção da Jatropha, o governante explicou que aquela planta só precisa ser plantada uma única vez e produz sempre, além de que só precisa de cuidados durante cerca de 24 meses depois da plantação, após o que produz de forma contínua, daí que “ a Jatropha não vai ocupar os camponeses a ponto de não produzirem comida, podem desenvolver as duas culturas em simultâneo”, disse.
(Daniel Maposse) - MEDIA FAX - 22.01.2008