A INTEGRAÇÃO regional na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), cujo processo iniciou com a entrada da Zona de Comércio Livre, a 1 de Janeiro, poderá ter impacto insignificante na redução da pobreza em Moçambique e não só.
Maputo, Terça-Feira, 29 de Janeiro de 2008:: Notícias
Segundo Emílio Jocitala, pesquisador e especialista em políticas públicas, não se pode esperar grande contributo da integração regional no combate à pobreza, porque os resultados desta não beneficiarão a maioria da população, que muitas vezes produz e não tem como escoar, devido à deficiência de vias de acesso para os mercados mais próximos, o que poderá agravar–se a nível da região.
Intervindo no “workshop” sobre Integração Regional e Desafios para o Combate à Pobreza e Desenvolvimento, no decurso da reunião nacional preparatória da participação da sociedade civil na conferência da SADC sobre pobreza e desenvolvimento, realizada semana passada, em Maputo, Jocitala reconhece, porém, que a integração regional é um instrumento de desenvolvimento e combate à pobreza.
Para este pesquisador, em primeiro lugar, as políticas internas é que devem impulsionar o combate à pobreza, criando condições de desenvolvimento, e só depois é que se pode olhar para fora.
A integração regional na SADC não leva ao combate à pobreza, o seu efeito é ínfimo. O Governo tem papel fundamental no combate à pobreza, devendo criar condições económicas domésticas”, disse.
Vincou que enquanto o Executivo não olhar para as suas políticas internas de desenvolvimento, com vista à redução da pobreza, não se pode olhar para a integração regional como um caminho para alcançar esta meta.
Jim LaFleur, assessor da Confederação das Associações Económicas (CTA) , considera que uma das alternativas para Moçambique desenvolver e consequentemente ter resultados no combate à pobreza é fazer alianças com a África do Sul, que poderá implantar empresas e fábricas no país, gerando mais emprego.
Para além de gerar emprego, segundo LaFleur, estas fábricas poderão exportar os seus produtos, o que, à semelhança da fábrica de fundição de alumínio (MOZAL), poderá resultar no aumento das receitas da exportação.
LaFleur fundamenta a sua posição na teoria da convergência de um país rico e um pobre, tal como aconteceu entre o México e os Estados Unidos da América (EUA). Esta convergência por via de alianças resulta em vantagens para ambos e possibilidade de crescimento para o pobre.
Ele defende que exportar é a medida para Moçambique sair da pobreza em que se encontra mergulhado, havendo necessidade de abrir mercado para o capital estrangeiro, que poderá explorar os recursos que os empresários moçambicanos não conseguem devido à falta de capacidade de investimento destes.
A preocupação de Moçambique deve ser criar emprego, melhorando as condições de vida das populações. Para tal, precisa atrair investimentos que vão produzir para exportar. Esta é a chance de Moçambique sair da pobreza, considerou.
Na óptica do assessor da CTA, a aliança entre Moçambique e África do Sul pode ser muito vantajosa e é preciso criar condições para investimentos sul-africanos.
LaFleur referiu ainda que as infra-estruturas que ligam os dois países estão em condições, nomeadamente a estrada e a linha ferroviária, as telecomunicacoes, o porto, o que constitui vantagem para essa relação.
O que falta, segundo esta fonte, é a abertura do país, bem como melhoramento de algumas políticas fiscais, entre outras condições que como a burocracia não só afectam os investidores estrangeiros, mas também os nacionais.
LaFleur considera que a aliança entre Moçambique e outros países da região, como Malawi, Zâmbia, Botswana, Tanzania, entre tantos, não seria muito benéfica para o país, uma vez que estes se encontram na mesma situação em termos de desenvolvimento.
AIM