Maputo, Quinta-Feira, 28 de Fevereiro de 2008:: Notícias
A NOÇÃO de corrupção é um pouco estranha. Utilizo, por enquanto, o meu senso comum para inferir que se trata de uma referência à degeneração de algo que é puro. Portanto, há uma oposição entre o que é puro e o que é impuro. A ideia de corrupção remete-nos para um estado original puro, um pouco ao estilo do “bom selvagem” de Jean-Jacques Rousseau que viu na sociedade dos homens o momento da sua despurificação. Despurificação, existe esta palavra? É um pouco a história da queda do jardim celeste. A humanidade saiu do estado original de inocência (portanto, pureza essencial) para o estado pecaminoso (portanto, impureza histórica) de ter que se salvar (espiando os pecados e venerando o Senhor).
Com efeito, estamos perante uma visão teleológica e escatalógica da história. A teleologia está na ideia de que o mundo (na verdade, o destino do mundo) caminha a passo rápido rumo a um objectivo claramente definido e inevitável. Alcançar esse fim é imperioso. A escatalogia está na ideia de que certas pessoas possuem o conhecimento, a autoridade e a legitimidade de conduzirem as outras na direcção desse fim. Obedecer a essas pessoas é imperioso para que a prossecução do fim seja bem sucedida. O interessante nesta concepção do mundo é a ideia de que o ponto de partida foi puro. A história, portanto, é concebida como um acidente. Em condições normais, pressupõe-se, nunca devíamos ter saído do estado de pureza.
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