Não é uma disputa pelo continente
- Negociações começam dentro de semanas para a localização do quartel-general do AFRICOM
Numa tentativa de contrariar as inquietações levantadas pelos lideres africanos sobre a decisão do Presidente norte- americano, Jorge W. Bush, de 6 de Fevereiro último, de criar um novo comando militar americano para África, AFRICOM, a 30 de Setembro do ano em curso, os responsáveis americanos dizem que a decisão tem o seu valor estratégico a longo prazo e não pretende procurar militantes em regiões sem lei nem governo e não é sua finalidade proteger o petróleo, combater militantes islamitas ou contrariar o envolvimento crescente da China no continente africano.
Theresa Marie Whelan, Subsecretária Adjunta de Defesa dos EUA para os assuntos africanos, disse recentemente, em Maputo, que a importância de África é a razão que leva os Estados Unidos da América, EUA, a criar este novo comando unificado.
De acordo com Whelan, a ideia de criar o comando não assenta numa disputa pelo continente africano, tem vindo a evoluir há décadas e não é uma resposta a nenhum acontecimento recente, político ou militar.
Falando numa palestra , recentemente na capital moçambicana, Whelan, explicou que o AFRICOM tornará mais eficaz a interacção militar americana no continente. "O novo comando também integrará melhor o Departamento da Defesa com outras agências do governo americano e internacionais que trabalham em África", afirmou Whelan.
Uma declaração de missão para o novo comando unificado realça o trabalho com os países africanos para incentivar a estabilidade e ajudar e prevenir conflitos futuros. A proposta de declaração da missão diz em parte que o Comando Africano promove os objectivos de segurança nacional ao trabalhar com países africanos e organizações regionais para ajudar a reforçar a estabilidade e a segurança na "área de responsabilidade".
Questionada se o AFRICOM assinala uma expansão das operações militares anti terrorismo, Whelan respondeu, "este não é objectivo deste comando de forma alguma. Isto não tem a ver com a perseguição de terroristas em África".
Os responsáveis americanos esperam iniciar dentro de semanas as negociações sobre onde é que ficará situado o quartel-general em África. Contudo, essa decisão não deve ser tomada dentro de meses. Também, ainda não há uma decisão sobre o nível de tropas para o comando. Os quartéis-generais regionais americanos normalmente têm mais de mil homens, mas o AFRICOM está ainda na fase inicial de planeamento e não foram tomadas decisões sobre o modo como o comando será estruturado ou dotado em pessoal.
Refira-se que as tarefas do comando incluirão, entre outros, construir parcerias, apoiar agências do governo americano, cooperar em toda a região na área da segurança, aumentar as capacidades de combate ao terrorismo dos países parceiros, melhorar a ajuda humanitária, a ajuda e a resposta a desastres e, se necessário, realizar operações militares.
Contudo, as potências africanas não abonam a ideia criação de um novo comando militar americano para África, AFRICOM, alegadamente, por esta mostrar -se susceptível à importação de terrorismo para o continente.
(Daniel Paulo) - MEDIA FAX - 22.02.2008