A inexistência de contabilidade organizada e os meios de pagamento a utilizar estão entre os maiores obstáculos à definição de um modelo para que os transportadores privados de passageiros beneficiem da comparticipação do Governo no preço dos combustíveis.
De acordo com o presidente da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), Rogério Manuel, duas das principais empresas de abastecimento de combustíveis em Moçambique, a BP e a PETROMOC, apresentaram já propostas para aplicar a medida governamental, que não resolvem ainda por completo o problema.
`Nas apresentações feitas pela BP e pela PETROMOC, estas empresas falaram-nos da venda de combustíveis com o uso de sistemas electrónicos (telefones celulares ou cartões usados na banca) que, infelizmente, não estão disponíveis em todas as províncias´, disse Rogério Manuel.
As duas gasolineiras foram, por isso, convidadas a `procurar novas fórmulas capazes de acomodar as preocupações dos transportadores nas províncias que não têm esses sistemas´.
Paralelamente, o presidente da FEMATRO (que tem registados 4.690 veículos no país, 3.690 nas cidades de Maputo e Matola) admitiu que `90 por cento dos transportadores´ beneficiários da medida governamental `não têm a contabilidade organizada´.
`É este o transportador que nós temos no país. Temos de fazer tudo para acomodar este transportador que ainda não está organizado, mas que está a transportar as pessoas. O não ter contabilidade organizada não quer dizer que ele não está a transportar e a fazer um trabalho social. Temos de ir ao seu encontro e ajudá-lo e, posteriormente, tentar trazê-lo à realidade do negócio em que está a operar e fazermos com que tenha uma contabilidade organizada´, adiantou.
O executivo moçambicano, recorde-se, aprovou recentemente uma compensação equivalente à aplicação do preço de 31 meticais (88 cêntimos do euro) por litro de combustível para os operadores privados de transporte público de todas as cidades do país (`chapas´), travando com esta medida a subida dos preços dos transportes.
O aumento do custo de viagem motivou violentos protestos nas cidades de Maputo e Matola a 05 de Fevereiro, que resultaram na morte de quatro pessoas e 98 feridos, segundo o balanço final das autoridades.
Logo após o anúncio dos subsídios, os representantes do Governo e da FEMATRO iniciaram negociações, que se têm prolongado, para a definição das condições em que as compensações serão pagas.
O representante dos transportadores admitiu pouco depois que a decisão do Governo de cobrir uma parte dos custos de combustível dos operadores privados de passageiros constitui um desafio para o sector que `nunca se relacionou com o Governo a este nível´.
RTP - 21.02.2008
NOTA:
- A saga não acabou.
- Segundo parece não há bilhetes de passageiro controlados pelas finanças. Não há escrita organizada.
- Como controlar o combustível "realmente" utilizado no transporte de passageiros?
- Quanto tempo leva a implementar o sistema?
- Entretanto o combustível está a ser pago ao preço normal. Haverão retroactivos?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE