UM total de dez variedades de clones da cultura de mandioca, apuradas como sendo efectivamente tolerantes a doença de apodrecimento radicular serão lançados, ainda neste ano, pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), no circuito de multiplicação e produção. Trata-se de clones cuja investigação visando a sua descoberta durou mais de seis anos.
Maputo, Segunda-Feira, 25 de Fevereiro de 2008:: Notícias
Constantino Cuambe, ligado à área de investigação de tubérculos no IIAM em Nampula, que revelou o facto, acrescentou que a descoberta desses clones foi possível com a colaboração dos institutos internacionais de culturas tropicais da África e América Latina.
Os referidos clones provêem do cruzamento de outros clones produzidos nas repúblicas de Tanzania e do Quénia, que revelaram não somente ser efectivamente tolerantes ao ataque de doenças que afectam a mandioca como igualmente sendo de alta produtividade, um elemento-chave para que os produtores obtenham rendimentos para garantir a segurança alimentar.
Sublinhou que a aposta no cruzamento de variedades nacionais com outras daqueles países de África, surge da constatação de que os clones de Tanzania e Quénia usados nas investigações, têm alto teor de resistência às doenças, o que foi objecto de aproveitamento para obtenção de maior segurança do tipo de cultura a praticar.
“O horizonte das investigações é de fazer com que a cultura da mandioca deixe de ser tão somente para o consumo alimentar como eleva-la a um patamar ainda alto ou seja de cultura de rendimento porque as projecções da indústria panificadora constam a inclusão da farinha da mandioca no fabrico do pão, num esforço visando reduzir a dependência do trigo no fabrico de pão pois, o mercado internacional regista uma tendência de encarecimento do custo de aquisição”, disse ele.
Constantino Cuambe precisou que estão neste momento em curso esforços da parte do IIAM e seus parceiros visando a mobilização de fundos para custear o processo de multiplicação de estacas das dez variedades tolerantes a doenças. O processo de multiplicação será conduzido ao nível dos distritos produtores da mandioca, seguindo-se a entrega aos camponeses, facto que vai acontecer na próxima época agrícola.
Os clones recentemente descobertos com características de tolerância às doenças que atacam o tubérculo, ainda não foram atribuídas às respectivas patentes de certificação segundo mandam as normas internacionais, uma responsabilidade que é do Instituto Nacional de Sementes que está a trabalhar nesse sentido.
A mandioca é um produto largamente consumido no país concretamente nas províncias do norte, onde as populações locais tomam-na como base devido a factores socioculturais, sendo que por qualquer razão registar-se um fracasso na campanha agrícola, a segurança alimentar fica comprometida.
Questionado sobre as variedades da mandioca em curso neste momento pelos produtores, nomeadamente nicuha, liconde, mulaleia e badje, tidas como tolerantes se vão permanecer no circuito produtivo, a fonte esclareceu que elas serão retiradas de forma gradual uma vez que a sua produtividade e tolerância não se podem comprar a dos clones ora descobertos.