O major Alfredo Reinado morreu quase uma hora antes de José Ramos-Horta ter sido baleado, revela a sequência das chamadas para a polícia e de um pedido de ajuda feito pelo próprio Presidente da República.
Alfredo Reinado foi morto poucos minutos depois das 06:15, a hora a que o seu grupo atacou a residência do chefe de Estado, na periferia leste de Díli, afirmaram fontes policiais, fontes oficiais da missão internacional e fontes da Presidência da República timorense.
O major fugitivo foi morto por um dos elementos da escolta presidencial aquartelada na residência de José Ramos-Horta, no caso um soldado das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), pertencente à Polícia Militar, segundo as mesmas fontes.
Isso significa que Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar, foi morto por um dos homens pertencentes à sua antiga unidade.
José Ramos-Horta foi atingido pelos atacantes bastante mais tarde, cerca das 07:00, num segundo tiroteio, de acordo com as mesmas fontes, que contaram uma sequência de acontecimentos concordante.
A primeira chamada para o Centro Nacional de Operações (NOC) aconteceu às 06:59, segundo o relatório oficial de comunicações obtido.
De imediato, duas unidades da Polícia das Nações Unidas e da Polícia Nacional foram deslocadas para a residência do Presidente da República, a partir de Becora, na periferia sudeste de Díli.
A primeira ambulância foi chamada ao local do ataque às 07:10, segundo fonte da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).
O subagrupamento Bravo da GNR foi chamado às 07:00, saiu do aquartelamento às 07:11 e chegou ao local às 07:15, ainda segundo o relatório oficial.
Às 07:13, o próprio Presidente da República telefonou à sua chefe de gabinete, Natália Carrascalão, pedindo ajuda por se encontrar ferido.
Segundo as fontes, o Presidente da República, que à hora do primeiro ataque se encontrava a fazer o seu habitual "jogging" matinal, não terá percebido que o tiroteio das 06:15 estava a acontecer na sua residência.
Todos os comunicados e declarações oficiais, quer das forças de segurança quer do primeiro-ministro, referem essa hora como o início do ataque.
José Ramos-Horta foi atingido a tiro quando se aproximou de sua casa e, como revela o sangue no pavimento, o chefe de Estado caiu a cerca de 20 metros do portão da residência, na estrada que ele próprio baptizou de Boulevard John Kennedy.
Fontes policiais ligadas à investigação do ataque afirmaram que "o grupo de Reinado procurou José Ramos-Horta nos vários edifícios da residência" após o primeiro tiroteio.
Várias portas foram arrombadas pelos atacantes, segundo uma fonte da Presidência, "mas o Presidente estava fora a fazer o seu exercício".
Alfredo Reinado, segundo uma fonte da UNPol, "foi morto por um dos seguranças que conseguiu surpreender o grupo atacante dentro do recinto da residência".
A residência privada de José Ramos-Horta, no bairro de Meti-aut, fica isolada da cidade e compõe-se de vários edifícios pequenos, em arquitectura tradicional timorense.
Nenhuma das fontes adiantou qualquer explicação para o facto de a escolta presidencial não ter pedido socorro mais cedo e a tempo de evitar que o chefe de Estado fosse vítima do segundo tiroteio.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 11.02.2008