A Televisão da Galiza (TVG) apresentou, ontem, a série documental Terras de Acolá. Uma produção que o canal vai estrear a 1 de Março. Por cá, a RTP1 é a televisão responsável pela sua transmissão, por enquanto, ainda sem data de estreia prevista. Mas, "vai ser no princípio de Março, em horário nobre", garantiu ontem José Fragoso, director de programas da estação pública, durante a apresentação da série.
Terras de Acolá é "uma visão exterior sobre a realidade da nossa língua, sobre os nossos países", elogiou o Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Luís Fonseca. Criticando que "entre os órgãos dos nossos países não tem havido muitas iniciativas deste género".
A série de documentários é constituída por 13 capítulos de 26 minutos cada. Ao longo de dois anos e meio, Luís Menéndez, director do documentário, percorreu os oito países retratados. No final ficou a sensação de que "é impossível agradecer por tantos frutos colhidos" e "a vontade de ficar mais tempo em cada lugar".
Três episódios de Terras de Acolá são dedicados a Portugal continental e um outro às ilhas atlânticas. O Brasil será tema de dois episódios, enquanto os países africanos lusófonos - Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe - vão ser apresentados num capítulo cada. Timor-Leste marca presença também num episódio. A série termina com um especial dedicado à Galiza e às relações galaico-portuguesas.
O director-geral da Companhia da Radio e Televisão da Galiza, Benigno Sanchéz, fez questão de sublinhar que este tipo de programa deve fazer parte do serviço público. "Como emissoras públicas que somos, temos o dever de informar mas, sobretudo, de formar e educar os cidadãos", disse referindo-se à TVG e à RTP. Quanto à colaboração com a televisão estatal portuguesa, Benigno Sanchéz explicou que é "o caminho para trabalhos conjuntos, um intercâmbio de programas muito importante".
Já Jesus Manuel Iglesias, director da TVG, revela existirem "muitas ideias com a RTP em cima da mesa e que não são coisas forçadas, são projectos que fazem sentido". "Queremos muito fazer coisas juntos", sublinha Jesus Manuel Iglesias (ver caixa).
Em relação à série, o director da TVG acredita que os espectadores portugueses podem pensar: "Nem parece coisa de galego." Contudo, para o responsável, "faz todo o sentido gastar dinheiro com um produção deste tipo, pois Portugal e a Galiza são dois países irmãos, com a mesma raiz linguística".
Além da emissão na RTP1, Terras de Acolá, vai ser transmitido posteriormente na RTP África e na RTP Internacional, "levando a série ao mundo inteiro", diz José Fragoso. "Queremos que isto seja um ponto de partida para um estreitar de relação entre duas televisões que têm uma grande proximidade", refere o director de programas do canal. Na sua opinião, as duas televisões públicas "devem trabalhar juntas sempre que isso possa ser útil às duas".
Esta não é a primeira parceria entre as duas estações. O concerto de homenagem a Zeca Afonso, idealizado pela TVG, que ocorreu no ano passado em Abril, foi o ponto de partida para a colaboração.
O documentário Terras de Acolá também não é uma iniciativa inédita. A ideia surgiu após as produções Terras de Merlin, sobre os países celtas, e Terras de Leste, que retratou os novos países da UE.|Com A. B. F
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 21.02.2008