Canal Opinião: por Noé Nhantumbo, Direcção Provincial de Agricultura de Sofala
Interpretar um Abaixo-assinado é necessário...
O conjunto de relatos que circula na Internet sobre a Direcção Provincial de Sofala referindo-se a desmandos e outros comportamentos pouco dignos do seu director, a corresponderem à verdade, são uma situação séria de falência governamental.
Nada do que vem descrito e denunciando por alguém da DPA de Sofala é normal ou aceitável.
Que as denúncias sejam produto ou resultado de um descontentamento de alguns funcionários não se pode duvidar. Alegar que haja mão de algum partido político é mais uma vez recorrer a existência de uma mão externa para explicar tudo o que acontece de maneira não prevista ou não conforme os desejos de quem governa.
Se as coisas chegaram ao nível mencionado é porque muita gente andou distraída ou não quer ver. O governo possui funcionários adstritos às Inspecções Gerais cujo trabalho é garantir que anormalidades como as referidas não aconteçam ou em caso de acontecerem sejam atempadamente corrigidas ou eliminadas.
A casa está podre diriam uns.
Lamentar este estado de coisas não basta. É urgente que a mão do governo, das autoridades responsáveis pela defesa do normal funcionamento os órgãos do Estado se façam presentes e actuem de maneira apropriada para acabar com desmandos graves e contrários a filosofia e prática de um governo sério e democrático.
Não se pode fazer Revolução Verde ou desenvolver a agricultura do país quando seus dirigentes passam o tempo traficando influências e roubando do erário público.
Se é verdade que o governador da Província de Sofala e o director de Agricultura beneficiaram de gado destinado ao fomento pecuário, estamos em presença de mais uma boiada como aconteceu há alguns anos em Manica.
Essa mania persistente roubar ao Estado, de apropriação indevida de bens do Estado não permite que os planos se realizem e mina a confiança do cidadão no seu governo o que por sua vez não facilita que a acção do governo tenha êxitos.
Os bovinos do Estado não são para partilha entre chefes. A DPA, Ministério de Agricultura, O Governo central, devem rapidamente clarificar a situação e fazer funcionar a justiça.
Funcionários suspeitos de corrupção activa se comprovado, devem ser exemplarmente punidos.
A dignidade de alguns dirigentes foi posta em causa. No mínimo deve haver da sua parte a coragem de demitirem-se dos cargos que ocupam.
Num país que se pretende democrático isso é o mínimo que podem fazer pessoas que aparecem ligadas ou mencionadas em esquemas de enriquecimento ilícito.
Até se provar que não participaram nos actos de que são acusadas, estas pessoas devem pôr seus cargos a disposição.
É preciso trazer seriedade para esta coisa de governar.
Os compadrios ou alegados interesses partidários não podem continuar a punir um povo.
Há leis em Moçambique. Não se pode fazer de conta que nada aconteceu.
É da responsabilidade do governo apurar a verdade dos factos e dá-los a conhecer ao público.
Esperemos que as alegações não correspondam a verdade mas se for esse o caso, espera-se que da liderança nacional haja uma tomada de posição de acordo com os preceitos da Boa Governação.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 26.02.2008