ARRANCOU ao princípio da tarde de segunda-feira, no vale do rio Púnguè, no distrito do Dondo, em Sofala, o processo de destruição de 168 casas localizadas em zonas vulneráveis a inundações e que, por outro lado, perigam a integridade da ponte edificada sobre aquele curso de água. A acção está a envolver os respectivos proprietários e visa desencorajar a fixação de moradias, evitando que o Governo e parceiros gastem anualmente somas avultadas de dinheiro para o resgate e salvamento de pessoas vítimas das enxurradas que ciclicamente se registam.
Maputo, Quinta-Feira, 21 de Fevereiro de 2008:: Notícias
O administrador do Dondo, Domingos Tomocene, disse, quando contactado telefonicamente pelo nosso Jornal, que o processo está a decorrer de forma pacífica, depois de uma forte sensibilização que envolveu as autoridades locais e líderes tradicionais. Aliás, a administração distrital esteve reunida com os régulos na passada segunda-feira para a concertação de posições, evitando-se assim que houvesse violência no processo.
“Não houve uso de força porque chegámos à conclusão de que os donos das casas deveriam ser eles mesmos a destruí-las. E o processo começou esta manhã (segunda-feira). Os líderes comunitários jogaram um papel fundamental na sensibilização das comunidades”- reconheceu.
Domingos Tomocene disse ainda que algumas pessoas sugeriram mesmo que aquele que não destruisse a sua casa num prazo de 10 dias, o Governo poderia recorrer à força, porque já não faz sentido fixar residências naquele local.
Sendo assim, os visados só poderão aproveitar os recursos existentes no vale do Púnguè para actividades piscatórias e para a prática da agricultura. Para tal, os visados neste processo passam definitivamente a residir no centro de reassentamento criado para o efeito na localidade de Mutua, posto administrativo de Mafambisse.
Noutro desenvolvimento, o administrador de Dondo disse que o seu Executivo já sensibilizou os populares para aproveitarem o material das casas destruídas para a construção de moradias provisórias no centro de reassentamento de Mutua, numa altura em que o processo de atribuição de talhões está a decorrer a contento.
Refira-se que a ideia de destruir foi sugerida por alguns líderes comunitários e populares num comício orientado recentemente pelo Governador de Sofala, Alberto Vaquina, no centro de reassentamento de Mutua, tendo defendido ser desgastante todos os anos o Executivo e parceiros gastarem somas avultadas para resgatar e/ou salvar as mesmas pessoas que bem sabem que aquela zona é de risco.
Os intervenientes chegaram mesmo a sugerir o uso de força para os eventuais renitentes.
Por outro lado, um trabalho efectuado recentemente levou o Executivo a concluir que a construção de residências naquela zona estava a pôr em risco a estrutura da ponte sobre o rio Púnguè, dado que os moradores não estão a obedecer às regras mais elementares de construção civil que defendem que toda e qualquer obra particular deve acontecer 50 metros depois da estrada principal.
Entretanto, as inundações que vêm apoquentando a província de Sofala desde Dezembro passado já provocaram o desalojamento de mais de mil famílias no distrito do Dondo, agora reassentadas em Mutua. Mais de 100 hectares de culturas diversas são dadas como perdidas. Algumas estradas terciárias continuam com problemas sérios de transitabilidade.
Eduardo Sixpence