ANA DIAS CORDEIRO
Vão para o Senegal estudar o Corão, mas acabam por ser escravizadas pelos marabouts. Em Dezembro, Osman e Aladje conseguiram fugir. Os relatórios da Unicef indicam que 90 por cento das crianças pedintes no Senegal estão em Dacar para estudar o Corão.
Não há rasgo nenhum de alegria no olhar de Osman; um olhar cravado numa expressão demasiado séria para os seus 12 anos. Aladje é um pouco mais velho. Não sorri e também o seu olhar se esquiva. Porém, segundo um familiar, "comparado com o dia em que chegaram, não há aqui tristeza nenhuma".
O dia em que Osman e Aladje chegaram a Bissau, vindos do Senegal, foi em Dezembro. No corpo, traziam pouco mais de uma peça de roupa, autênticos trapos por cima dos seus corpos magros, quase doentes. Preferiam esquecer o que deixaram para trás na noite em que fugiram da casa do mestre corânico, perto de Dacar. Saíram sem medo, parecem querer dizer. Pois era do medo que se libertavam.
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