O ANTIGO Presidente da República, Joaquim Alberto Chissano, disse esta semana em Maputo que as relações entre Moçambique e Portugal estão “melhores”, particularmente depois da conclusão do “dossier” Cahora Bassa, na sequência da assinatura do acordo de reversão do empreendimento a favor de Moçambique em Novembro do ano passado. A declaração foi feita no decurso de um encontro mantido em Maputo, com o Presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, que ontem terminou uma visita de Estado ao nosso país.
Maputo, Sábado, 29 de Março de 2008:: Notícias
Com a reversão, Moçambique passa de 18 para 85 por cento do capital do empreendimento e Portugal de 82 para 15 por cento. Para que a gestão do empreendimento passasse em definitivo para Moçambique, o Governo desembolsou um total de 950 milhões de dólares, dos quais os últimos 700 milhões foram adquiridos através de um financiamento concedido pelo consórcio Calyon/BPI.
Contudo, Chissano é de opinião de que, além dos Governos, os povos, empresários e organizações da sociedade civil dos dois países devem encontrar uma forma de reforçar a sua cooperação nos diversos domínios.
Num outro desenvolvimento, Chissano disse olhar para a região com optimismo, pois, para ele, todos os problemas ora enfrentados tanto por Moçambique, África do Sul ou Zimbabwe têm uma solução positiva.
Falando particularmente das eleições zimbabweanas a serem realizadas esta semana, o Prémio Mo Hibrahimo disse que aquele país vizinho está empenhado em realizar um escrutínio livre, justo e pacífico.
Antecedendo o encontro com Chissano, o estadista português avistou-se também com Graça Machel, viúva do primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel e esposa do antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela.
Falando à Imprensa no final da audiência, Graça Machel disse que o Governo e os diversos actores sociais devem se empenhar no sentido de aumentar a renda da população.
Machel considera que o país deu passos largos no concernente ao desenvolvimento macro-económico, mas ainda há grandes fragilidades em questões muito básicas com impacto directo na vida da população.
“Nos últimos anos o país teve mais hospitais e escolas, mas as pessoas querem comer. A sua renda é baixa. Eu acho que tem que haver um maior esforço para aumentar a renda da população”, disse ela, falando a jornalistas que fazem a cobertura da visita de Cavaco Silva, que termina na próxima quarta-feira.
Durante o encontro com o estadista português, que ela descreve como tendo sido de “amizade”, houve troca de impressões sobre o desenvolvimento do país e da região austral de África no geral.
Para Graça Machel, desde a queda do regime de “Apartheid” na vizinha África do Sul, a região austral tem se revelado como um local de “estabilidade”, apesar dos elevados índices da pobreza e do HIV/SIDA.
“Temos uma maior coesão na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral do que noutras regiões do continente”, considerou Machel.