Por Eleutério Fenita
Correspondente da BBC em Maputo
Benedito faz parte do grupo que ainda vive em pobreza extrema
A província de Nampula, no norte do país, é a província que mais avanços terá registado desde o fim da guerra.
Segundo fontes das Nações Unidas, os níveis de pobreza terão descido de 89% para perto de 53% há alguns anos.
Em Nampula a BBC deparou-se com uma história que ilustra bem a forma empenhada como Nampula procura fazer face aos desafios impostos pela pobreza.
Lutador empenhado
Chama-se Benedito da Silva e tem vinte e três anos de idade.
Faz parte do grupo de cerca de dois milhões de habitantes de Nampula que ainda vivem em situação de pobreza extrema.
Faz também parte do grupo de Moçambicanos que não se conformam com a sua situação e com o coração e o sorriso sempre esperançados acreditam que as coisas só podem melhorar.
A BBC encontrou Benedito na estrada que de vez em quando percorre, de bicicleta, até Nampula.
Nampula é uma província com preocupantes indicadores de desenvolvimento
Neste dia Benedito transportava dois sacos e meio de carvão com um peso aproximado de 75 kilos, sobre os quais se encontrava um aprumado galo, também para ser vendido.
Benedito, pai de dois filhos - com três anos e sete meses de idade - percorre com frequência os 25 kilometros que separam a sua casa de Nampula, onde vende os seus produtos como forma de subsistência.
A força para percorrer todos estes quilómetros carregado de carvão - viajem que diz durar cerca de 4 horas - vem de dentro, diz Bendito, faz "parte do sofrimento humano".
Nampula modelo
Apesar de Nampula - de que é natural e residente Benedito da Silva - ser apontada como das províncias com um dos mais significativos índices de desenvolvimento em Moçambique, o certo é que os indicadores disponíveis não podem deixar de constituir preocupação.
Alguns exemplos retirados da base de dados do Instituto Nacional de Estatística, a ESDEM - Estatísticas Sociais e Demográficas de Moçambique - a esperança de vida à nascença em Nampula situa-se perto de 10 anos abaixo da de Maputo.
A capital também sai a ganhar, como aliás nos restantes indicadores, no que respeita à taxa de analbestismo: 12,4% contra 62,4% de Nampula.
Ainda há muito pois por fazer mas Benedito da Silva permanece optimista e acredita que as coisas vão melhorar.
25.03.2008