O PROJECTO de construção da ponte sobre o rio Zambeze, entre Caia e Chimuara, entrou ontem numa outra fase, com o arranque da construção do tabuleiro, entre o quinto e quarto pilares. Tecnicamente, o esboço da concretização daquele mega-projecto foi concebido para duas fases, sendo a primeira a da construção do tabuleiro na ponte de aproximação, ou seja, em terra-firme, que já se encontra a 488 metros de execução, até à conclusão, esta semana, do oitavo tramo (secção) daquele lugar por onde vão circular pessoas e bens. A segunda fase é precisamente a que começou ontem.
Maputo, Quinta-Feira, 27 de Março de 2008:: Notícias
Desenhada para uma extensão global de 2300 metros de comprimento, esta obra de arte será subdividida no canal do Zambeze com 710 metros em seis vãos, sendo quatro intermédios, enquanto na planície de inundação, na margem sul do lado de Caia, terá os restantes 1666 metros.
Assim, de acordo com o director do Gabinete do Projecto de Construção daquele mega-projecto, Elias Paulo, nos últimos dias a obra conheceu uma relativa dinâmica, em face do abrandamento das cheias do Zambeze. Com efeito, a empreitada voltou a operar em plena actividade nas suas três principais frentes de trabalho, nomeadamente a construção simultânea do tabuleiro, pilares e sapatas, depois da reparação da via de acesso à obra, que ficara com os solos completamente removidos pela água durante as cheias.
Em Janeiro passado, a construção da ponte conheceu algum revés, pois todo o esforço tinha sido concentrado no tabuleiro, concretamente na ponte de aproximação.
Para já, a progressão da empreitada compreende ainda a construção do encontro norte, do lado de Chimuara, com a parte lateral concluída, faltando receber o tabuleiro. O encontro sul, do lado de Caia, foi concluído há algum tempo.
Enquanto isso, o segundo pilar no rio está terminado na sua primeira parte, sendo que as atenções estão agora viradas para a colocação de estacas. Além disso, decorrem os preparativos em alguns pilares para o reinício das sapatas, em terra firme. Mesmo assim, conforme ressalvou a nossa fonte, zonas há que ainda se apresentam com o nível freático bastante alto.
“Com o abrandamento das cheias no Zambeze, estamos a recomeçar o trabalho das sapatas e pilares, para além do tabuleiro, que nunca esteve interrompido”, revelou o representante do Estado moçambicano naquele empreendimento de grande vulto.
Até agora já foi concluída a fundação das 178 estacas previstas, incluindo 16 pilares dos 35 necessários.
A ponte deverá ser dotada de duas faixas de rodagem, bermas e passeios em cada lado. Compreenderá, por outro lado, 13 metros de gabarito (altura) no leito do rio, para permitir a navegação no seu canal mesmo no período de cheias de grande magnitude.
Toda a tecnologia que está a ser aplicada é de ponta ao nível do Continente Africano, sendo que a maior parte do equipamento foi directamente importado da Europa, destacando-se a viga de lançamento para a construção do tabuleiro, que se move de vão em vão sem mudança do respectivo comando. Isto permitiu que mesmo ainda neste período de cheias não se verificasse interrupção dos trabalhos nesta frente.
Orçado em cerca de 80 milhões de euros, financiados pela Comissão Europeia em 25 milhões, 20 do Governo italiano, 18.312 da Suécia e perto de nove milhões injectados pelo Japão, o projecto foi concebido para um período de 36 meses.
Mesmo com as cheias verificadas este ano, Elias Paulo assegura que, em princípio, mantém-se o prazo para a conclusão da obra (12 de Março de 2009) acordado entre o Governo e o empreiteiro português denominado Mota-Engil e Soares da Costa.
Horácio João