O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, Lynn Pascoe, disse ao Conselho de Segurança que o Zimbabué estava à beira da sua pior crise humanitária desde a independência.
Tratou-se da primeira vez que o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para debater a situação no Zimbabué desde as eleições do mês passado.
Também presente em Nova Iorque para apresentar o seu caso à comunidade internacional esteve Tendai Biti do MDC, que criticou a África do Sul e a China por não terem exercido pressão suficiente sobre o presidente Mugabe
O alto diplomata das Nações Unidas, Lynn Pascoe, denunciou ao Conselho de Segurança a violência dos dois lados mas salientou que estava particularmente apreensivo com acções instigadas pelo governo.
Apreensões
“Estamos também apreensivos com a situação humanitária. O tumulto político está a impedir que algumas ONGs entreguem alimentos e outras remessas”, acrescentou.
Entretanto numa conferência de imprensa em Nova Iorque, o secretário-geral do principal partido da oposição zimbabueana apelou à comunidade internacional para que obrigasse as autoridades do seu país a divulgarem os resultados das presidenciais do mês passado.
Tendai Biti disse que a diplomacia africana não fez o suficiente para convencer Robert Mugabe a aceitar a derrota eleitoral e que cabia agora a outros líderes mundiais intervir.
"O Estado está a exercer violência sistemática contra o Zimbabué. A sociedade está completamente militarizada e o país está a ser governado por uma junta presidida pelo próprio Mugabe", acusou.
Objectivos
O embaixador sul-africano nas Nações Unidas, Dumisani Khumalo, disse porém aos jornalistas que o objectivo do seu governo era trabalhar tanto com as autoridades quanto com a oposição do Zimbabué.
"Queremos ajudar todos os zimbabueanos, juntamente com a oposição e o governo, para chegarmos a uma conclusão. O meu governo ajudou esta delegação do MDC a chegar aos Estados Unidos. Estamos a ajudar ambos os lados a terem uma vida melhor porque queremos que tenham paz; eles são nossos vizinhos", salientou.
Entretanto os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que embargou a venda de armas ao Zimbabué, apelaram à comunidade internacional para que adoptasse uma política semelhante.
Espera-se ainda o anúncio dos cinco últimos resultados da recontagem para as legislativas e a rádio estatal zimbabueana diz que a verificação dos votos presidenciais vai hoje ser iniciada.
BBC - 30.04.2008