O grupo de direitos humanos, Human Rights Watch, apelou a uma intervenção urgente no Zimbabué, para acabar com aquilo a que descreve como campanha de violência orquestrada pelos apoiantes do governo.
Esta denúncia acontece depois das divisões patentes no Conselho de Segurança da ONU.
Os Zimbabueanos continuam à espera dos resultados das eleições presidenciais que se realizaram há mais de um mês.
A Human Rights Watch acusa o exército de fornecer armas e equipamento a militantes apoiantes do Presidente Robert Mugabe envolvidos na tortura de activistas da oposição.
Diz ainda que o exército e o partido no poder Zanu/PF, estão a reforçar o controlo das áreas rurais para garantir a vitória de Mugabe numa eventual segunda volta.
Uma porta-voz da Human Rights Watch que passou recentemente duas semanas secretamente no Zimbabué, Tiseke Kasambala, disse à BBC que viu a escalada da violência da Zanu-PF e do exército.
"O cenário no Zimbabué, sobretudo nas áreas rurais, é de incrível violência. As pessoas estão a ser detidas por membros do governo e são obrigadas a jurar fidelidade à Zanu-PF.”
“A situação está a piorar rapidamente e a comunidade internacional tem que intervir rapidamente para que não fique pior", disse a porta-voz do grupo de direitos humanos.
Divisão
Antes tinha ficado patente a divisão do Conselho de Segurança da ONU, na sua primeira reunião para discutir a crise pós-eleitoral zimbabueana.
Um alto representante das nações Unidas disse perante aquele órgão que o país está perto da sua pior crise humanitária desde a independência.
O sub-secretário dos assuntos políticos Lynn Pascoe, descreveu altos níveis de intimidação política e violência.
"Estamos seriamente preocupados com a violência sobretudo da parte do governo, embora também haja informações de violência provocada pela oposição.”
“A crise política impede que as ONG's forneçam ajuda alimentar e isso é algo que nos preocupa muito”, afirmou o sub-secretário dos assuntos políticos da ONU.
Um dos altos representantes da oposição zimbabuena, Tendai Biti, viajou para Nova Iorque para pressionar os membros do Conselho de Segurança a mandarem um enviado especial para o país.
Esta ideia é apoiada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, mas países como a China e a África do Sul não concordam.
BBC - 30.04.2008