Maputo, Sexta-Feira, 11 de Abril de 2008:: Notícias
O CENTRO de Estudos Brasileiros (CEB) vai ser palco de uma exposição alusiva ao centenário da empresa Minerva Central, a mais antiga livraria de Moçambique. A exposição abre no dia 14, às 18 horas, e será composta por fotografias históricas, de livros antigos e de interesse bibliográfico editados pela instituição, de velhas máquinas tipográficas já em desuso, mas que no seu tempo contribuíram para o desenvolvimento da produção gráfica e tantos outros documentos importantes que ilustram o processo de criação e desenvolvimento da Minerva Central.
Esta mostra tem como curadores António Sopa, historiador, e o jornalista e escritor Machado da Graça, e ela insere-se perfeitamente no contexto da literatura moçambicana, uma vez que a história da livraria, que tem também uma tipografia, confunde-se com a do país e da sua literatura.
A livraria Minerva Central, refere um comunicado do CEB, foi um local muito frequentado pelos pioneiros da literatura moçambicana, como são os casos de Rui de Noronha, Noémia de Sousa, José Craveirinha e Rui Nogar, fazendo chegar às mãos destes escritores muitos livros importantes, vindos do Brasil, grande parte dos quais proibidos pelo regime colonialista. Na sequência das suas acções, a Minerva Central chegou a ser chamada para responder em juízo.
Entretanto, foi lançado ontem, em Maputo, um selo postal da Minerva Central, por ocasião do primeiro século daquela instituição. O lançamento do selo, que teve lugar nos Correios de Moçambique, foi testemunhado por membros do Governo e dirigentes da livraria, destacando-se a presença do Vice-Ministro dos Transportes e Comunicações, Ernesto Augusto, e pela gestora da Minerva, Edith de Carvalho.
A Minerva Central é uma empresa do ramo gráfico, livraria, papelaria e informática, situada na baixa da cidade de Maputo. Ela foi fundada por João António de Carvalho como livraria, a 14 de Abril de 1908, na rua D. Luís, hoje Consiglieri Pedroso.
Em 1909 acrescentou à sua actividade inicial as instalações da tipografia onde além de vender livros passou também a produzi-los.
Ao longo dos 100 anos da sua existência foi dirigida sucessivamente por João António de Carvalho (fundador), Sebastião Jaime de Carvalho (irmão), Jorge Furtado de Carvalho (filho), João António de Carvalho (neto) e, até aos dias de hoje, por Edith Carvalho (nora) e viúva de Jorge Furtado de Carvalho.
Volvidos 100 anos tem ao seu serviço na direcção da empresa, simultaneamente, elementos da segunda, terceira e quarta gerações do fundador.
"Hoje a Minerva Central orgulha-se de ser a pioneira na venda de livro em Moçambique e por ter contribuído para a formação e educação de várias gerações de moçambicanos", refere uma nota daquela instituição centenária, adiantando que, ao longo da sua existência, organizou várias feiras do livro, a primeira tendo sido em 1945. Numa feira do livro de 1941, a Minerva conseguiu, em 15 dias, vender 23500 volumes de livros, o que é considerado como um dos maiores feitos em eventos desta natureza.
"Nos últimos tempos tem sido prática na Minerva Central organizar-se feiras do livro por ocasião da data do seu aniversário para proporcionar a todos os moçambicanos no geral e aos citadinos de Maputo, em particular, uma melhor opção de compra de vários tipos de livros a preços acessíveis", diz, sublinhando o facto de o exemplo de João António de Carvalho, mais conhecido por Carvalhinho, continuar firme nos ideais de todos aqueles que dia-a-dia lutam pelo bem-estar da empresa, promovendo a venda do livro e o hábito pela leitura como forma de contribuir para o desenvolvimento da educação e cultura em Moçambique.