Vergonhoso e preocupante é quanto se pode caracterizar o famigerado Centro Provincial de Recursos Digitais (CPRD), na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambeze.
Tendo em conta o número de máquinas existentes, a incapacidade de responder a demanda e o pomposo programa que envolveu a sua inauguração pode se afirmar categoricamente que as estruturas “burlaram as expectativas” dos moçambicanos (quelimanenses), na sua maioria estudantes, que alimentavam a esperança de ver a sua vida académica facilitada com a iniciativa.
Partindo da análise de que a cidade possui um pouco mais de 150 mil habitantes, a lógica nos força a afirmar que cada computador está para perto de 50 mil utentes, num intervalo de 12 horas.
Trata-se de um centro que funciona contíguo às instalações da empresa pública Correios de Moçambique, numa sala de cerca de 10 metros de comprimento e quatro de largura e com uma capacidade de quatro pessoas sentadas.
O mesmo possui quatro computadores, dos quais três estão disponíveis para o público utente e um ligado a uma impressora é utilizado, exclusivamente, pela secretária responsável pelos serviços.
É um local onde se pode digitar textos, fazer impressões e mesmo aproveitar serviços de internet, mediante o pagamento de um certo valor, para este último caso de cerca de 30 meticais/hora, por exemplo.
O local é bastante concorrido, presumivelmente, por estar localizado na zona mais calma da cidade, para os que conhecem Quelimane, no prolongamento da av.24 de Julho, para quem sai do continente em direcção ao oceano (mar).
A reportagem do Alternativa esteve naquela província porque queria acompanhar de perto o nível de desenvolvimento sócio económico naquela cidade e deslocou-se a CPRD com vista a enviar algum material para Maputo.
No local defrontou-se com uma fila enorme de pessoas que aguardavam pela sua vez para se beneficiarem daqueles serviços. Do lado de fora uma enorme moldura humana esperava pacientemente já que, as instalações possuem, apenas, quatro cadeiras e um espaço estreito que sem exageros, no máximo, comporta três pessoas.
Que tamanha desonra se se considerar que, as mesmas, foram inauguradas pelo ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Venâncio Massingue e pelo Governador local, Carvalho Muária.
No caso, algumas questões ficam por responder. Como é que o titular da pasta do MCT se deslocou de Maputo para Quelimane, na Zambézia, só para ir inaugurar uma sala de internet com quatro computadores. E mais! O dinheiro gasto no voo executivo da comitiva e todas as mordomias, a cerimónia pomposa de “corte de fita” acompanhada por um cocktail, não teriam poupado milhões de meticais que deviam contribuir para aumentar as máquinas e melhorar as condições do local.
São várias questões que ficam no ar. Será que o acto de inauguração não poderia ter sido dirigido pelo governador ou director provincial da própria instituição para minimizar os gastos e maximizar o serviço pretendido?
(António Uqueio)
In Moçambique Online