O MINISTÉRIO da Agricultura poderá introduzir ainda neste semestre um novo modelo de fomento do algodão, como forma de estancar a fragilidade actualmente existente na assistência aos produtores do “ouro branco”. Com efeito, aventa-se a hipótese de no lugar da atribuição de concessões, aplicar-se a liberalização e/ou um regime misto que podem garantir maior competitividade entre as empresas fomentadoras e crescimento da renda dos camponeses o que, por conseguinte, terá sustentabilidade ao sub-sector algodoeiro nacional.
Maputo, Sexta-Feira, 25 de Abril de 2008:: Notícias
Este facto foi revelado recentemente, na cidade da Beira, durante a Reunião Nacional de negociação do preço de algodão caroço que envolveu representantes do Ministério da Agricultura, produtores e empresas fomentadoras do “ouro branco”, agrupados no Fórum Nacional do Algodão e Associação Algodoeira de Moçambique, respectivamente.
A vice-ministra da Agricultura, Catarina Pajume, que orientou o encontro, reconheceu que a assistência aos produtores do algodão ainda deixa muito a desejar, daí que adiantou que está em curso um trabalho de auscultação do intervenientes com o objectivo de encontrar uma plataforma que possa contrariar o actual cenário.
“O preço do algodão deve ser justo para todos, para motivar os camponeses a aumentarem as suas áreas de cultivo. As empresas fomentadoras precisam de melhorar os pactos tecnológicos e reforçarem o uso de tracção animal”, indicou Pajume.
Pajume disse ainda que a negociação do preço do algodão deve tomar como base a necessidade de assegurar o aumento da produtividade, tendo em conta que esta cultura é um dos “pilares” da “Revolução Verde”.
Em Moçambique, mais de 300 famílias camponesas envolvem-se anualmente no cultivo do “ouro branco”. O subsector garante salário mensal a 20 mil pessoas, entre eles trabalhadores sazonais e efectivos das 10 empresas fomentadoras.
Norberto Mahalambe, director do Instituto do Algodão de Moçambique (IAM) recordou que o distrito de Marínguè, em Sofala, continua a ser a referência nacional no cultivo do algodão. Mas ao nível das províncias, Cabo Delgado é o líder com 27 porcento da produção global, seguido de Nampula e Sofala.
Mahalambe referiu ainda que a comercialização do algodão “mete” 380 milhões de meticais/ano no “bolso” do camponês. A Ásia, mais concretamente a China e Indonésia são os principais mercados do “ouro branco” produzido em Moçambique, cujo consumo estima-se em 54 porcento de mais de 70 mil toneladas por safra.
O Governador de Sofala, Alberto Vaquina, chamou atenção aos fomentadores para uma maior “robustez” pelo facto de ser cada vez mais crescente a concorrência entre o algodão e o gergelim. Aliás, muitas famílias camponesas já abraçaram o cultivo desta última cultura naquela província abandonando o “ouro branco”.
Para Vaquina, os fomentadores da cultura do algodão devem criar mais incentivos aos camponeses e apostar no maneio comunitário, como forma de persuadir os produtores a continuarem a apostar nesta cultura e, consequentemente, aumentarem as áreas de cultivo.
Entretanto, as sugestão em relação ao aumento do preço do “ouro branco” vão precisar de uma apreciação e posterior aprovação do Conselho de Ministros. A decisão entra em vigor nesta campanha de comercialização cujo arranque está agendado para finais de Maio próximo.
Cada quilograma de algodão de primeira custa actualmente ao produtor cinco meticais e 30 centavos, enquanto que o de segunda está a três meticais e 70 centavos.