O MDC, Movimento para a Mudança Democrática, ganhou por pouca margem de diferença as legislativas de Sábado, anunciou a Comissão Eleitoral, ZEC.
Não foram até agora registados incidentes de violência em reacção à vitória da oposição.
Trata-se da primeira derrota em eleições legislativas da Zanu-PF desde a independência, em 1980.
Robert Mugabe, com 84 anos de idade, enfrenta agora o período mais incerto da sua longa carreira política enquanto tanto ele como o povo que governou durante 28 anos aguardam que a Comissão Eleitoral Zimbabueana anuncie a contagem final do escrutínio para a presidência.
Vitória à justa
O MDC venceu 99 assentos no parlamento contra os 97 do partido do presidente Mugabe, o Zanu-PF.
O ministro dos negócios estrangeiros britânico exigiu agora a publicação urgente dos resultados do voto presidencial.
Pressão que o embaixador do Zimbabué nas Nações Unidas, Boniface Chidyausiku diz não entender "a ansiedade em torno da publicação dos resultados" que lhe parece "algo estranha".
"Há alguns anos atrás recordo-me de eleições, penso que em Moçambique, nas quais os resultados demoraram duas semanas a serem apurados devido à vastidão do país e distância de alguns lugares", disse o embaixador, que acrescentou que "a situação é a mesma no Zimbabué , com 4 votações realizadas num só dia".
Boniface Chidyausiku voltou ainda a insistir na transparência destas eleições.
MDC faz contas
Antes, o principal partido de oposição do Zimbabue, o Movimento para a Mudança Democrática, MDC, disse que o seu líder, Morgan Tsvangirai, venceu as eleições presidenciais do passado fim de semana, e divulgou seus próprios resultados.
O secretário-geral do MDC, Tendai Biti, disse numa conferência de imprensa esta quarta-feira em Harare, que Tsvangirai venceu o pleito com 50,3% dos votos dispensando, assim, uma segunda volta.
O presidente Robert Mugabe, que buscava um sexto mandato como presidente, obteve 43,8%, de acordo com o MDC.
Os resultados ainda têm que ser declarados oficialmente, mas o jornal Herald, que é dirigido pelo Estado, tinha previsto a realização de uma segunda volta.
Segunda volta?
Anteriormente, o correspondente da BBC na África do Sul, Peter Biles, disse que havia relatos não confirmados de que governo e a oposição estariam a negociar um acordo para convencer o presidente a desistir da disputa.
Ainda para o correspondente, acredita-se que Mugabe não gostaria de “enfrentar a humilhação” de ter de decidir a eleição numa segunda volta o que, se for confirmada, será realizada dentro de três semanas.
Analistas dizem ser improvável que Mugabe vença numa eventual segunda volta da votação já que os eleitores do candidato independente Simba Makoni não devem apoiar o presidente.
O clima nas ruas de várias cidades do país ainda é de calma, mas há temores de que a longa espera pela divulgação dos resultados culmine em episódios de violência.
Barreiras já foram instaladas em torno da capital Harare e há uma presença crescente de polícias paramilitares nas ruas das principais cidades do país.
BBC - 03.04.2008