A PRIMEIRA detenção efectuada ao réu Aníbal António dos Santos Júnior (Anibalzinho), ocorrida no mês de Fevereiro de 2001, na vizinha Suazilândia, foi negociada directamente com Almerino Manhenje, ex-ministro do Interior. Esta garantia foi dada ao tribunal que julga o “caso Albano Silva”, pelo próprio réu, condenado duas vezes a penas de prisão maior no “caso Cardoso”.
Maputo, Quarta-Feira, 30 de Abril de 2008:: Notícias
Anibalzinho disse, em tribunal que, três meses após a consumação do crime que vitimou o jornalista Carlos Cardoso, a 22 de Novembro de 2000, refugiou-se na Suazilândia. A partir deste ponto, segundo ele, ligava para Manhenje que lhe garantiu protecção, entregando-se às autoridades. Manhenje teria lhe garantido ainda que iria mandar pessoas da sua confiança para o irem buscar na suázi.
Efectivamente, segundo o réu, o ex-ministro do Interior delegou António Frangoulis, na altura director da Polícia de Investigação Criminal (PIC), na cidade de Maputo, que o foi deter e trazer ao país. Aliás, de acordo com ele, a partir daquele país, efectuava outras tantas ligações para Frangoulis, abordando o caso do assassinato do jornalista Carlos Cardoso.
Anibalzinho disse ainda que quem lhe ligava sempre era o falecido Nyimpine Chissano, pessoa que os industriava no processo no sentido de tudo fazer para incriminar os irmãos Satar (Nini e Ayob), neste caso. Nini é a outra pessoa com quem Anibalzinho diz ter mantido vários contactos telefónicos.
“Logo após a minha entrada na BO, recebi de um inspector da Polícia afecto à Casa Militar (os boinas vermelhas), um telemóvel para falar com o falecido Nyimpine. Dei a conhecer estes factos ao Frangoulis, explicando que Nyimpine estava envolvido no caso. Numa dessas vezes, cerca das zero horas, quando o director da PIC saiu da minha cela, disse que iria falar com o ex-ministro Manhenje sobre o mandato de captura contra o falecido. A pretensão de Frangoulis chegou a Nyimpine e dois dias depois o director da PIC era exonerado. Fui eu a pessoa quem ligou para o Frangoulis a comunicar-lhe que dentro de 48 horas iria deixar de ocupar o cargo. Efectivamente, isso aconteceu e daí as investigações amainaram e Nyimpine passou a deter o total controlo sobre a minha pessoa” – disse ao tribunal.
Entretanto, Ayob Satar, penúltimo réu ouvido no “caso Albano Silva”, negou qualquer envolvimento seu na tentativa de assassinato do advogado. Negou inclusive ter mantido qualquer ligação telefónica com os réus Dudu, Anibalzinho e Fernando Magno, quando há registo, nos autos, de inúmeras ligações entre eles.
Por várias vezes chamado à atenção pelo tribunal por se mostrar nervoso e a divagar nas suas respostas, Ayob, a par do seu irmão Nini, disse ter algumas reservas quanto à existência do referido atentado.