O EX-SECRETÁRIO-GERAL das Nações Unidas, Kofi Annan, apelou ao empenho dos países da região na estabilização do Zimbabwe, que vive “uma crise séria”, quando já decorre a recontagem dos votos solicitada pelo partido governamental, a ZANU-PF. “Onde estão os africanos? Onde estão os líderes e os países da região? O que estão a fazer? Como podemos ajudar a resolver a situação?”, questionou Annan, que na sexta-feira esteve reunido com o secretário-geral do principal partido da oposição zimbabweana, Tendai Biti. “É uma crise séria que vai ter impacto para além do Zimbabwe e temos a responsabilidade de trabalhar com eles para encontrar uma solução viável”, adiantou Annan.
Maputo, Segunda-Feira, 21 de Abril de 2008:: Notícias
Três semanas depois das eleições presidenciais de 29 de Março, ainda não são conhecidos os resultados, com a oposição a reclamar vitória. A ZANU-FP, no poder desde a independência do Zimbabwe, em 1980, perdeu as legislativas, de acordo com os dados da primeira contagem da votação, mas um novo escrutínio pode permitir-lhe recuperar a maioria no Parlamento, onde apenas alcançou, segundo os primeiros dados, 97 assentos contra 109 para o MDC.
A recontagem dos votos pode inverter o resultado das eleições legislativas. O partido ZANU-PF perdeu em 16 das circunscrições onde os votos estão a ser recontados, segundo a Comissão Eleitoral.
De acordo com a estação de televisão britânica Sky News, a ZANU-PF só necessita de mais nove assentos para obter uma maioria no Parlamento. A Sky News adianta haver uma forte preocupação no Ocidente e entre a oposição de que Mugabe esteja a viciar os resultados eleitorais, e que a situação possa levar à violência nas ruas. Segundo a mesma estação televisiva, o líder do MDC, Morgan Tsvangirai, acusado de traição pelo regime de Mugabe, afirmou em Joanesburgo recear ser atacado ou preso se regressar ao Zimbabwe.
Neste clima de tensão, o embaixador dos EUA no Zimbabwe, James McGee, afirmou ter recebido “informações confirmadas sobre ameaças, agressões, raptos, casas incendiadas e mesmo homicídios”.
No sábado, a Human Rights Watch, organização de defesa dos Direitos Humanos, denunciou a existência de “campos de tortura” criados pelo regime de Mugabe. O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, esteve ontem a discutir no Gana, com dirigentes africanos, a crise no Zimbabwe. Também, no sábado, os responsáveis da Comunidade Evangélica do Zimbabwe convidaram os líderes políticos do país a manterem a paz. Os religiosos indicaram, num comunicado, estarem a implorar a Deus para que intervenha a fim de “evitar qualquer conflito pós-eleitoral no país”.