A Zanu-PF, partido do governo, mantém o lugar parlamentar pelo círculo eleitoral Goromonzi West, anunciou a comissão eleitoral do Zimbabwe.
É o primeiro resultado a ser divulgado, desde o início da recontagem de votos parlamentares no Sábado, envolvendo 23 círculos eleitorais.
O partido da oposição reagiu dizendo que o processo de recontagem dos votos tenciona manipular os resultados e inverter a maioria parlamentar do MDC.
Os resultados da eleição presidencial continuam por anunciar.
Apelo a coligação liderada por Mugabe
O jornal zimbabueano Herald publicou um editorial que apela à formação de um governo de unidade nacional liderado pelo Presidente Robert Mugabe.
Apesar da ZANU-PF se ter distanciado do artigo publicamente - Bright Matonga, ministro da informação zimbabweano, afirmou que se preparam para disputar uma segunda volta -, analistas internacionais interpretaram o artigo do jornal gerido pelo estado como uma mensagem do partido do governo.
O artigo defende a criação de um governo de coligação como a única solução para a crise política que se vive no Zimbabwe e argumenta que não é possível a realização de uma segunda volta com a tensão que se sente actualmente no país.
O MDC, disse à BBC um porta-voz da oposição, já estava à espera de uma sugestão deste tipo depois da pressão regional sobre Robert Mugabe.
George Sibotshiwe, porta-voz do MDC, disse que é o vencedor das eleições quem deve ter o papel de unir o país.
"O nosso presidente, o presidente Tsvangirai, foi claro e já disse que se ele é o vencedor destas eleições, ele irá formar um governo que inclui membros da Zanu-PF”, esclareceu Sibotshiwe.
“Mas a Zanu-PF sugerir que são eles que determinam como vai operar o governo e que são eles que o vão liderar é inaceitável, porque o povo zimbabueano falou e expressou que queria mudança. Serem liderados pelo actual regime não é uma mudança".
Boicote do Reino Unido
Entretanto, o líder do ANC, Jacob Zuma, dirigiu-se ao Reino Unido para discutir a situação do Zimbabwe com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
Em Londres, o político sul-africano denunciou a violência no Zimbabué e voltou a pedir que os resultados das eleições presidenciais realizadas em Março sejam divulgados.
Zuma absteve-se de acusar Mugabe, justificando que não estava preparado para julgar indivíduos.
Quanto à actuação de Thabo Mbeki, Zuma não concordou com as vozes críticas que dizem que o Presidente sul-africano está a ser demasiado “suave”.
Gordon Brown já afirmou que o Reino Unido apoia um boicoite a armas para o Zimbabué.
Navio "mistério"
Depois de não ter sido autorizado a descarregar na África do Sul e em Moçambique, o navio chinês carregado de armamento destinado ao Zimbabué, desapareceu nas águas africanas. Pensa-se que está a subir a costa oeste do continente.
Segundo Tendai Biti, secretário-geral da oposição zimbabuena, a violência pós-eleitoral no país já provocou três mil deslocados, quinhentos feridos e dez mortos.
No entanto, o Ministro da Justiça do Zimbabué, Patrick Chinamassa, negou estes dados.
Morgan Tsvangirai, líder da oposição, continua a sua ronda pelos países da região à procura de apoio. Tsvangirai encontra-se agora em Moçambique.
BBC - 23.04.2008