A oposição no Zimbabué pediu ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que abandone o seu papel de medidador na crise decorrente das recentes eleições.
O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, numa conferência de imprensa em Joanesburgo, disse que agradecia os esforços dispendidos por Mbeki mas que ele precisava de ser libertado dessa tarefa de mediação.
Tsvangirai é de opinião que Robert Mugabe fez desencadear "uma orgia de violência contra a população" e que "o presidente tinha perdido uma boa oportunidade de abandonar honrosamente o cargo".
"Penso que houve uma altura em que todos aceitariam a saída honrosa de Mugabe, mas quanto mais ele resistir, quanto mais abusar da população... mais desaparece essa oportunidade", disse Tsvangirai.
O presidente da África do Sul, que se encontrou com Mugabe no sábado, disse depois que não havia crise no Zimbabué.
Mais tarde voltou a defender essa opinião em Nova York, no Conselho de Segurança da ONU, acrescentando que o diálogo era essencial e defendendo que a solução dos problemas do Zimbabué está nas mãos do seu povo.
Mas hoje a posição dos dirigentes sul-africanos parece ter mudado, tendo um porta-voz do governo dito que se receava que a situação no Zimbabué se deteriorasse devido à não publicação os resultados eleitorais.
Segundo o porta-voz, Themba Maseko, a política sul-africana de "diplomacia discreta" não tinha dado os resultados que se esperavam.
Mas a Comissão Eleitoral Zimbabueana diz não poder publicar os resultados enquanto não forem investigadas alegadas irregularidades e não forem feitas as recontagens parciais de votos, programadas para este fim de semana.
Entretanto os pedidos para que os resultados eleitorais sejam publicados já tiveram eco no grupo G8 dos países mais industrializados, na União Europeia e na Secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice.
BBC - 17.04.2008