Os governos caem ao ritmo de um por ano e a ilusão por conta das receitas do petróleo só veio agravar a errância actual
A demissão do primeiro-ministro são-tomense Damião Vaz D'Almeida foi o último abalo numa cadeia de instabilidade caracterizada por obscuras quezílias pessoais e frequentes guerrilhas institucionais. Com aquele abandono, formalizado na quinta-feira da semana passada, o balanço é já de 14 primeiros-ministros em 14 anos de multipartidarismo, nenhuma legislatura concluída, dois efémeros golpes militares e uma descrença dos governados na classe política.
Os políticos afirmam que a causa da constante instabilidade é a ambiguidade do texto constitucional relativamente às competências do Governo e do Presidente da República. Quem percorrer a história do arquipélago perguntará, contudo, se os conflitos e rivalidades não serão antes um traço morfológico da micropolítica local.
O alemão Gerhard Seibert, que investigou os padrões sociopolíticos locais, situa nos primórdios da colonização as profundas tensões políticas de uma sociedade heterogénea, híbrida e esparsa, sem um centro forte e sem as regras institucionais de autoridade continentais.
Leia em:
Download um_arquiplago_em_busca_de_uma_rota.doc