A POLÍCIA deteve 19 pessoas por suposta implicação na morte de 11 camponeses acusados de bruxaria e queimadas vivas na terça-feira por uma multidão encolerizada numa aldeia do Quénia. "Dezanove pessoas foram detidas e estão a ser interrogadas, mas prossegue a busca por mais suspeitos", declarou à Imprensa um porta-voz da Polícia queniana, Charles Owino.
Maputo, Sábado, 24 de Maio de 2008:: Notícias
A calma já regressou à região, habitada sobretudo por membros da etnia kisii e situada a cerca de 300 quilómetros a noroeste de Nairobi, disse o funcionário.
Pelo menos 11 pessoas, na sua maioria mulheres, com idades entre 70 e 90 anos, foram queimadas vivas terça-feira à noite na aldeia de Nyakeo por uma centena de pessoas, que as manietaram antes de as deitarem numa fogueira, antes de morrerem carbonizadas.
Um balanço feito por um responsável local e pelos habitantes da aldeia de Nyakeo diz por outro lado que 15 mulheres foram queimadas vivas.
"É inaceitável. As pessoas não podem fazer justiça pelas suas próprias mãos porque suspeitam de alguém. Nós perseguiremos os suspeitos", declarou o responsável do distrito, Mwangi Ngunyi.
Dezenas de pessoas suspeitas de feitiçaria foram mortas no ocidente do Quénia nos anos 1990, quando correram rumores de feitiços que tornavam as pessoas canibais, surdas, mudas ou sonâmbulas ou mortas-vivas, devido a feitiços nesta região reputada de "zona de feiticeiros". Até agora, as autoridades quenianas não conseguiram neutralizar estes grupos de autodefesa comunitária.
Vários casos de bruxaria foram registados recentemente também na vizinha Tanzania, o que obrigou à instauração de um sistema de protecção especial aos albinos, alguns dos quais mutilados e assassinados em rituais de bruxaria.