O líder da Renamo fez-se, ontem, ao terreno, para se inteirar do impacto da xenofobia em curso na África do Sul, ela que vitimou já milhares de moçambicanos , malawianos e zimbabweanos, entre outros cidadãos estrangeiros.
Logo pela manhã, Afonso Dhlakama deslocou-se ao posto fronteiriço de Ressano Garcia, na província do Maputo, onde conversou com os funcionários da Migração, com os moçambicanos que estão de regresso ao País, vindos da África do Sul, e também com outros moçambicanos que, apesar desta crise, continuam a atravessar a fronteira, para se deslocarem àquele País vizinho.
Para além de se informar, junto das autoridades da Migração, sobre o movimento migratório dos que regressam, Afonso Dhlakama conversou com os que estão acomodados nos centros de trânsito, ouvindo deles o relato dos dramas vividos, causados pelos nossos vizinhos.
Transmitindo uma mensagem de solidariedade, de esperança e de alento, Dhlakama mostrou-se preocupado pelo futuro das relações entre a África do Sul e os seus vizinhos, nomeadamente Moçambique.
Durante a visita a Ressano Garcia, um aspecto surpreendeu Dhlakama: o facto de, apesar do regresso em massa dos nossos compatriotas, outros estarem a cruzar a fronteira, em direcção à terra do Rand, na luta pela vida.
Dhlakama conversou com uma senhora que lhe disse que não podia parar, tanto que, na circunstância, ia a Joanesburgo fazer compras, para voltar a fazer negócios em Maputo, uma vez que aquele era o seu ganha pão.
O movimento de entradas na África do Sul continuava ontem, apesar de não ser tão intenso como o tem sido em tempos normais.
Depois de Ressano Garcia, Dhlakama visitou o centro de trânsito de Beluluane, em Boane, onde também confortou os que ali se encontram.
Ontem, até às sete horas, tinham atravessado a fronteira, em direcção a Maputo, via Ressano Garcia, mais de 600 moçambicanos.
Desde que começou a crise de xenofobia, as autoridades anunciaram ontem que terão regressado ao País mais de 28 mil moçambicanos, sendo que mais de 2000 fizeram-no com o apoio do Governo e mais de 26 mil por meios próprios.
Casimiro Abreu, Director-Adjunto do INGC, disse ao Café da Manhã, um programa da Rádio Moçambique que o Governo continua atento aos regressados, nomeadamente na prestação de cuidados básicos de saúde, alimentação e transporte.
Lourenço Jossias - DIÁRIO INDEPENDENTE - 28.05.2008