Por Ibrahim Dagash, Colaborador Externo da PANA
Um alto diplomata africano que trabalhou na região da África Austral confiou à PANA, em Arusha (Tanzânia), que a violência perpetrada na África do Sul contra estrangeiros, sobretudo Zimbabweanos, Moçambicanos, Nigerianos, Somalís, e Quenianos seja ou um "complot" orquestrado e fomentado do interior do país ou uma conspiração alimentada a partir do exterior.
Reagindo aos relatos da imprensa segundo os quais a violência xenófoba iniciada em Joanesburgo é qualificada pela imprensa ocidental de racial, quando ela resultou de "uma simples incompreensão", o diplomata considera que se deve ir mais longe para se apurar o que verdadeiramente esteve por detrás, embora também reconheça a existência de incompreensões.
O diplomata africano, que preferiu o anonimato, exprimiu a sua viva preocupação pela reacção tardia do Governo sul-africano quando perto de 50 imigrantes africanos inocentes já foram mortos e milhares de outros feridos.
Sem no entanto descartar a possibilidade de tais ataques xenófobos terem sido incentivados por querelas internas no seio do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC), ele admitiu igualmente a eventualidade de os que perderam o poder na África do Sul se servirem das populações vulneráveis e marginalizadas da sociedade lembrando- lhes que, desde a queda do apartheid em 1994, não viram nenhuma mudança significativa em relação às suas condições de vida.
Por isso, prosseguiu, a ira provocada por esta onda de violências em toda África é justificada, "porque os países africanos no geral parecem constatar com amargura que o povo irmão que apoiaram durante a luta contra o apartheid e a opressão não lhes pagou a dívida".
Para ele, a onda de violência pode ter sido espontânea ou planificada, mas "deveria ser contida imediatamente".
No seu entender o Governo sul-africano escolheu ser passivo e negativo quando os seus irmãos africanos, que arriscaram partilhar a vitória e o novo paraíso com os Sul-africanos são maltratados ao passo que as portas do país foram largamente abertas aos investidores estrangeiros.
"Não consigo encontrar a expressão certa. Tudo o que posso dizer é que os pobres imigrantes africanos viveram o inferno na África do Sul quando ninguém o esperava", declarou o diplomata.
Instado se os instigadores desta violência não visam de facto o projecto relativo ao Governo da União Africana, o diplomata não entrou em pormenores, preferindo notar apenas que os detractores do continente são capazes de tudo para fazer fracassar os sonhos e aspirações de África.
"Infelizmente, estes detractores conseguem sempre pôr o fogo com a ajuda de alguns Africanos", sentenciou.
PANA - Arusha - 27/05/2008
NOTA:
Quando será que estes "altos diplomatas" africanos põem os pés no chão e deixam de ver "fantasmas" em todo o lado? Ainda por cima não dão a cara...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE