Maputo, Sábado, 31 de Maio de 2008:: Notícias
“ESTOU de volta à minha terra. Continuo o king do Xigumbaza”. Foi com estas palavras que Peny Peny, cantor sul-africano, iniciou a conversa com o “Notícias”, a propósito de uma digressão que irá efectuar brevemente pelas cidades de Maputo, Xai-Xai e Maxixe. Bem disposto, Peny Peny, envergava um sobretudo preto em que a gola realçava um veludo com cores de tigre e trazia uma bengala decorada de missangas, mas o que mais despertava atenção no cantor era o seu “totó” no cimo da cabeça, uma marca que lhe é característico.
O cantor, casado com uma moçambicana, não vinha a Moçambique, segundo revelou, há dez anos. A digressão que irá cumprir nessas cidades tem por objectivo rever os seus fãs, com nota aos tempos memoráveis do campo do Ferroviário da Baixa na década oitenta e noventa.
Nesses espectáculos ele já promete muito “show”, garantindo não desiludir os seus admiradores espalhados pelas província de Maputo, Gaza e Inhambane. “Trarei coisas novas que ainda não são suficientemente conhecidas aqui. É um novo estilo, em que faço fusão de ritmos tradicionais e quero que os meus fãs conheçam. Aproveito dizer que trago também uma mensagem de paz e reconciliação”.
O artista refere que apesar do longo período de ausência em palcos moçambicanos está optimista em que os seus admiradores de sempre não percam seus “shows”.
Sobre as primeiras impressões de Maputo, após dez anos longe, Peny Peny refere que constatou, logo à sua chegada, uma mudança social e económica grande, caracterizando-se em acções de construção e reabilitação de edifícios e vias da cidade.
Paralelamente a isso, observou que os moçambicanos felizmente continuam os mesmos: amáveis, hospitaleiros e sem guardar rancores”.
Nessa sua estada ao nosso país, o cantor gostaria de reunir músicos nacionais para concertar uma provável actuação, em que os fundos revertessem a favor das vítimas da xenofobia na África do Sul.
Questionado sobre o que pensa do fenómeno o “king” of Xigumbaza, comenta: “estou incomodado e envergonhado com tudo isso que está acontecer na África do Sul com os nossos irmãos moçambicanos, sobretudo por serem pessoas trabalhadoras e que ajudaram a elevar a economia do meu país”.
Na óptica do músico, a sociedade sul-africana desconhece a sua própria história. Temos laços que remontam há séculos. Penso que o povo deveria saber de onde viemos, onde estamos e para onde vamos”.
Questionado se não receava eventuais retaliações, já que o ambiente ainda é tenso entre os dois países, Peny Peny amaina: “eu não sou moçambicano e nem sul-africano. Eu sou machangana. E os machangana não estão a lutar entre si”.