Zonas de Capetown podem ser declaradas 'áreas de desastre'
A polícia sul africana disparou balas de borracha contra uma multidão irada de somalis e etiopes que se manifestavam contra as más condições nos campos de alojamento para as pessoas deslocadas pela recente onda de violência no país.
Um porta-voz da polícia disse que um dos seus agentes foi ferido depois do grupo ter apedrejado um veículo da polícia no campo a norte da capital Pretória.
O grupo recusa-se a ser integrado com outros africanos e pede que as Nações Unidas encarregue-se da ajuda humanitária.
Alguns deslocados entraram em greve de fome na quarta-feira como forma de protesto.
Zona de desastre
O governo provincial do Cabo Ocidental tenciona pedir às autoridades governamentais que declare partes da província como zonas de desastre.
A decisão vem depois da Presidente da Câmara da Cidade do Cabo ter feito um apelo de ajuda às Nações Unidas.
Dezoito mil pessoas estão albergadas em seis campos de alojamento especiais criados pela administração da cidade.
É esperado hoje um anúncio do governo sul africano sobre a estratégia para combater a crise a nível nacional.
A Cruz Vermelha diz que cerca de 80 000 pessoas fugiram das suas casas depois dos ataques a estrangeiros, na sua maioria provenientes do resto da África.
Trabalhadores humanitários receiam que os campos de alojamento se tornem permanentes mas um porta-voz das Nações Unidas na África do Sul, George Nsiah, disse que o governo sul africano não vai permitir que isso aconteça.
"O governo tem uma política contra a criação de campos de refugiados."
"O governo está a par da seriedade do problema e está a fazer todos os possíveis para permitir que os afectados retornem às suas vidas normais, através da reintegracao nas comunidades onde viviam ou através de outros meios," disse o porta-voz das Nações Unidas.
Frio e doenças
O governo sul africano está sob pressão para melhorar as condições nos campos provisórios.
As agências humanitárias avisaram que as condições nos campos estão a deteriorar-se, com os deslocados expostos ao frio e doenças.
O governo tem uma política contra a criação de campos de refugiados.
George Nsiah, porta-voz das Nações Unidas na África do Sul
O êxodo de africanos continua por comboio, avião e autocarro.
A Cruz Vermelha diz que mais de 32 mil moçambicanos saíram do país.
A embaixada do Zimbabué está a ajudar 700 cidadãos que querem voltar para casa.
Um avião que transporta quenianos chega hoje a Nairobi.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros Nigeriano, Ojo Maduekwe pediu compensação ao governo sul africano pelas perdas sofridas pelos nigerianos alvos da violência.
BBC - 29.05.2008