Foram assaltadas e queimadas lojas de zimbabueanos e somalis na Cidade do Cabo.
Um dia depois do exército ser destacado para acabar com os ataques em Joanesburgo, a violência contra imigrantes estrangeiros começa na Cidade do Cabo.
500 imigrantes - somalis, moçambicanos, nigerianos e zimbabueanos -, já fugiram das áreas atacadas.
No bairro de Dunoon, uma reunião ontem à noite, justamente convocada para prevenir ataques xenófobos, terminou em violência quando uma multidão começou a atacar lojas de zimbabueanos e outros estrangeiros.
Foram precisas oito horas para a polícia conseguir controlar a situação. Foram presas 12 pessoas. A polícia continua a patrulhar as ruas.
Sendo uma das cidades mais importantes para o turismo na África do Sul, as autoridades ficaram alarmadas:
"Estamos extremamente preocupados com a situação no terreno", declarou à BBC Moeketski Mosola, director do Turismo da África do Sul, sobretudo numa altura em que a África do Sul se começa a preparar para receber o Campeonato Mundial de Futebol de 2010.
"É preciso lembrar que 67% dos turistas que visitam a África do Sul, são africanos", acrescentou.
Indústria mineira
Uma rádio local noticiou ainda ataques em Strand, a este da Cidade do Cabo.
De Knysia, na costa e a noroeste do país, também chegam relatos de ataques: três pessoas, de origam paquistanesa, foram esfaqueadas e dezenas de moçambicanos e somalis encontram-se refugiados.
A situação começa a ser preocupante para a indústria mineira.
Sindicatos e membros do governo encontram-se hoje para discutir a crise, depois de algumas companhias mineiras se queixarem de que muitos trabalhadores estão a faltar ao trabalho.
A companhia DRDGold diz que um terço dos seus trabalhadores são estrangeiros.
Refugiados
Os moçambicanos têm sido dos que mais têm sofrido com a onda de ataque xenófobos.
O presidente de Moçambique, no entanto, pediu aos seus compatriotas para não retaliarem.
Em Moçambique foram activados mecanismos de emergência para lidar com os refugiados que chegam da África do Sul, cerca de 10 mil até agora.
Muitos moçambicanos tentam conseguir um lugar nos autocarros que saem da embaixada moçambicana.
Também muitos zimbabueanos tentam regressar a casa, apesar da crise que se vive actualmente no Zimbabué.
É o caso de uma mulher zimbabuéana que falou com a BBC. Quer deixar Jonesburgo, depois de ter visto um gang armado deitar gasolina sobre um moçambicano e pegar-lhe fogo.
"Os gritos desse moçambicano em chamas ainda me perseguem", contou a mulher de 36 anos.
"Quando fecho os olhos e tento dormir, vejo o homem a gritar por ajuda. Mas ninguém o ajuda".
BBC - 23.05.2008