O antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, criticou os Estados Unidos e a Europa por se concentrarem no actual presidente da República do Zimbabwe e da ZANU-FP, Robert Mugabe, e não no sofrimento do seu povo, conforme reporta alguma imprensa aqui em Joanesburgo.
Chissano é citado a dizer que “temos que pensar no povo que está a sofrer com o embargo mas o que verifico é que tanto os americanos como os europeus estão extremamente concentrados em Mugabe”.
O antigo chefe de Estado moçambicano e vencedor da primeira edição do «Prémio Mo Ibraimo» disse que mesmo que Mugabe perca a segunda volta da eleições presidenciais para o seu rival Morgam Tsivangirai, isso em si não será, de acordo com o seu ponto de vista tão fulcral para o restabelecimento da economia Zimbabweana, que se encontra mergulhada num caos sem precedentes.
“África, assim como o resto do mundo tem que assegurar que se realizem eleições livres e justas e que os partidos aceitem o escrutínio destas” disse Chissano e acrescentou: “Para mim o mais importante é delinear um novo prelúdio para a presente situação económica e não a retirada ou não de Mugabe”.
Chissano, também ele presidente honorário do partido Frelimo – partido a que se juntou graças as conexões de Adelino Guambe, fundador da UDENAMO que lhe pagou a passagem de Paris a Dar-es-Salaam, em 1963, de acordo com um documento do próprio Chissano, intitulado a génese da criação da Frelimo – é um dos 40 líderes que subscreveram com o antigo Secretario Geral das Nações Unidas uma carta aberta publicada este mês em que se revelaram deveras “preocupados com o nível de intimidação e violência que se verifica no Zimbabwe”.
Joaquim Chissano é citado ainda a dizer que “o processo eleitoral todavia findou e não posso dizer se Mugabe deve-se retirar ou não. É preciso que haja espaço para o diálogo”.
“A mudança imposta através da pressão é de pouca duração. Apesar da pressão exercida sobre o Zimbabwe, a situação piorou”.
Entretanto dizer ainda que o governo da Áustria ameaçou impor novas sanções contra o Zimbabwe, na eventualidade de Mugabe vencer a segunda volta das presidenciais.
(Estácio Valói, em Joanesburgo) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 20.06.2008