O LÍDER da oposição no Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, anunciou ontem que se retira da corrida presidencial, justificando que não pode pedir aos eleitores que "arrisquem a vida" para votar a 27 de Junho, noticiaram ontem várias agências internacionais.
Maputo, Segunda-Feira, 23 de Junho de 2008:: Notícias
Segundo elas, em conferência de Imprensa em Harare, Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), acusou o Presidente do Zimbabwe e seu rival nas eleições, Robert Mugabe, de ter "declarado guerra" à oposição.
"O candidato da ZANU-PF (União Nacional Africana do Zimbabwe-Frente Patriótica, no poder) às presidenciais não tem qualquer respeito pelo MDC. Ele declarou guerra ao afirmar que as balas prevalecem sobre os boletins de voto", declarou Tsvangirai, citado pelas agências de notícias, entre elas a BBC, LUSA e o jornal brasileiro “ÚltimoSegundo”.
Presidente Robert Mugabe, que disputaria a segunda volta contra Tsvangirai, acusou o MDC de ser responsável pela onda de violência e disse, num comício na sexta-feira, que "somente Deus" o tiraria da Presidência e que nunca aceitaria um país governado pelo partido opositor.
No sábado, a África do Sul enviou dois mediadores à capital do país, Harare, dias após o próprio Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, ter ido ao Zimbabwe para encontros com Mugabe e com Tsvangirai.
Segundo o correspondente da BBC em Joanesburgo, Peter Biles, este era possivelmente um esforço de última hora para persuadir Mugabe a cancelar a segunda volta e levar os dois lados a negociações para a formação de um governo de unidade nacional.
Observadores internacionais consideram que diante das actuais circunstâncias, com uma grave onda de violência política, a eleição não será capaz de resolver os problemas do país. O MDC alega que membros do partido foram agredidos e que simpatizantes seus foram expulsos das suas casas, obrigando a campanha de Tsvangirai a desenrolar-se num ambiente de quase segredo. O secretário-geral do partido, Tendai Biti, está preso sob a acusação de traição.
O Presidente Mugabe acusa o MDC de agir de acordo com os interesses da Grã-Bretanha, o antigo poder colonial, e de outros países ocidentais.
Os vizinhos próximos do Zimbabwe também manifestaram preocupação sobre a validade da segunda volta das eleições presidenciais nas actuais circunstâncias.
Na sexta-feira, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, pediu ao Chefe de Estado zimbabweano que seja tolerante e respeite as regras democráticas.
O pedido de José Eduardo dos Santos foi transmitido a Mugabe por Marcos Barrica, Ministro da Juventude e Desportos angolano, que chefia a delegação de observadores à segunda volta das eleições presidenciais no Zimbabwe da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
Esta é a primeira vez que o Presidente angolano emite uma opinião formal no sentido de ajudar a conter a violência no Zimbabwe onde Mugabe já fez saber que, independentemente dos resultados da segunda volta das presidenciais, em que enfrenta Morgan Tsvangirai, não pretende deixar o poder.
O anúncio deste posicionamento de José Eduardo dos Santos foi revelado pela Imprensa angolana, depois de numa entrevista à Rádio Nacional de Angola António Muachilela, porta-voz de Barrica, ter revelado o conteúdo da mensagem de Eduardo dos Santos.