A fabricante de óleos portuguesa Iberol abandonou as suas plantações de oleaginosas (soja e girassol) em Moçambique devido às "muitas dificuldades" encontradas no país, nomeadamente furtos de colheitas, afirmou esta semana à Lusa o presidente do grupo, João Rodrigues.
"Moçambique é um país - aliás, como toda a África em geral - com graves problemas sociais, nomeadamente na alimentação. Como é que eu vou fazer óleo para combustíveis quando a população que vive em frente da plantação não tem óleo para fazer comida?", questionou João Rodrigues.
"Não correu bem. Não vale a pena perder energias", disse à Lusa o líder da empresa do grupo Nutasa.
O principal responsável pela Iberol, que produz e comercializa óleos alimentares, e mais recentemente também biocombustíveis, adiantou que só voltará a envolver-se em projectos do género em Moçambique ou Angola com
instituições financeiras de apoio ao desenvolvimento, contemplando também uma componente social.
"Só se os países doadores, os que dão o dinheiro, financiassem, e fosse eu a gerir. Se ganhasse, teria uma percentagem dos ganhos da empresa, se perdesse, poria do meu bolso", afirmou.
Além de furtos de colheitas, que reduziam a rentabilidade das explorações agrícolas, a Iberol deparou-se com problemas em encontrar mão-de-obra qualificada e também com a inesperada concorrência da cooperação
internacional.
Em Moçambique, referiu João Rodrigues, "chegam barcos de óleo [alimentar] oferecidos pelos Estados Unidos, o que liquida as possibilidades da indústria local".
A Nutasa entrou nos países africanos lusófonos no final de 2002, com a aquisição da Companhia Industrial do Monapo , CIM, ao grupo português Entreposto, por 8,5 milhões de euros.
Entre outros activos, a CIM tinha uma fazenda de 2.500 hectares, mas os objectivos da Iberol eram mais ambiciosos, passando por expandir a área de plantação para 50 mil hectares.
Em Moçambique, a Nutasa está ainda envolvida na pecuária e no fabrico de óleos e sabões.
MEDIA FAX - 20.06.208