Nelson Mandela disse estar apreensivo e entristecido com o que se está a passar naquele país, que, disse, sofre de um "trágico falhanço de liderança".
Num jantar em Londres, para comemorar o seu nonagésimo aniversário, Mandela expressou as suas preocupações:
"É com tristeza que observamos à continuação da tragédia em Darfur. Mais perto de casa, assistimos à violência contra irmãos africanos no nosso próprio país e a um falhanço trágico de liderança no vizinho Zimbabué", afirmou o aniversariante Mandela numa mensagem curta, mas directa sobre a crise política naquele país.
Refúgio
À embaixada da África do Sul em Harare, chegou nas últimas 24 horas um grupo de cerca de 200 zimbabueanos à procura de abrigo, alguns deles apresetnado ferimentos e queixando-se de perseguição política.
Um porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros sul-africano, Ronnie Mamoepa, disse à BBC que neste grupo se encontravam pessoas com ferimentos e alegando terem sido obrigados a abandonar as suas casas.
O porta-voz adiantou ainda estar em contacto com o governo do Zimbabué e organizações humanitárias para que este grupo seja ouvido e a ele oferecida a assistência necessária.
África atenta
Líderes de outros países da África Austral têm apelado ao adiamento da segunda volta das presidenciais no Zimbabué, sublinhando a necessidade de uma solução de compromisso com o Movimento para a Mudança Democrática, da oposição.
Ontem, por ocasião das comemorações dos 33 anos da independência de Moçambique, o presidente moçambicano Armando Guebuza, instou governo e oposição no Zimbabué a encontrarem formas de se entenderem.
O líder do MDC, Morgan Tsvangirai apelou entretanto à intervenção dos países da região e à União Africana para que se encontrasse um processo aceitável de transição política no Zimbabué.
O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano, que lidera o fórum de antigos estadistas africanos diz estar a apoiar os actuais esforços de mediação da crise zimbabueana, mas insiste, que o problema tem de vir de dentro.
"Descondecorado"
Ao final da noite chegou ainda o anúncio de que a Grã-Bretanha retirou do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, o seu título honorário de cavaleiro, condecoração concedida em 1994 pelo então primeiro ministro conservador John Major.
A rainha Isabel II de Inglaterra aprovou a anulação da condecoração, como foi proposto pelo ministro britânico dos negócios estrangeiros, David Miliband, que justificou a decisão com o "desprezo abjeto" pela democracia demonstrado pelo governo de Robert Mugabe.
BBC - 26.06.2008