O presidente zimbabueano, Robert Mugabe, desafiou os críticos rejeitou a codenação internacional à sua decisão de prosseguir com a segunda volta das eleições presidenciais, marcadas para sexta-feira.
A discursar num comício na cidade de Banket, no noroeste do país, Mugabe afirmou que Londres e Washington podem "gritar tão alto quanto quiserem", mas que as eleições são para ir para a frente.
Mugabe, acusou ainda o líder da oposição, Morgan Tsvangirai de se acobardar e de procurar refúgio na embaixada holandesa em Harare.
Apelo a força de paz
O líder da oposição no Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, afirmou entretanto que a diplomacia africana falhou na resolução da crise zimbabueana.
Num artigo para o jornal britânico, The Guardian, Tsvangirai apela à intervenção de uma força militar internacional para proteger o povo do Zimbabué.
O líder do MDC disse ainda que uma força de manutenção da paz seria necessária para salvaguardar o processo democrático no país.
A Comunidade para o desenvolvimento da África Austral, SADC, marcou um encontro para esta terça-feira, na Suazilândia, para discutir os últimos acontecimentos no Zimbabué, mas adverte desde já que se vai limitar a recomendações e apelos, e não a críticas.
SADC reunida
Pouco depois de ter sido confirmada a reunião da Suazilândia, ao final da noite de ontem, o secretário executivo da SADC, o Dr Tomás Salomão, refutou a ideia de que o Zimbabué estaria a obrigar a organização a fazer trabalho extraordinário.
Tomás Salomão confirmou que a troika da SADC - composta por Angola, Tanzânia e Suazilândia - se reune hoje para discutir assuntos de natureza política e de segurança relativos ao Zimbabué, mas que se iria cingir a recomendações sobre o caminho a seguir.
"Estamos a fazer aquilo que nos compete. É normal e é natural que os olhos do munod e a atenção do mundo recaiam sobre nós, e nós vamos fazer aquilo que é a nossa responsabilidade, e nos cabe fazer; não tememos isso", afirmou Salomão.
O secretário executivo da Comunidade dos Países da África Austral sublinhou contudo várias vezes que "a solução para os problemas do Zimbabué, cabe aos zimbabueanos. E só os zimbabueanos, sentados à volta de uma mesa, têm a capacidade única e exclusiva de resolverem os seus próprios problemas".
"A postura da organização é: não ao clima de violência, condenar a violência e instar as partes para que chamem a atenção aos seus seguidores para que párem com os actos de violência", explicou.
Resultado 'ilegítimo'
O departamento de estado norte-americano já avisou que irá rejeitar qualquer tentativa por parte do presidente zimbabueano de se auto-declarar presidente, enquanto que na África do Sul, o ANC acusou o governo de Robert Mugabe de fazer vista grossa da democracia.
Os Estados Unidos advertiram o Zimbabué que não iriam reconhecer qualquer resultado das eleições presidenciais de sexta-feira, depois da desistência da oposição do escrutínio, em virtude de uma campanha de violência e intimidação.
A mais destacada funcionária do governo americano para Africa, Jendayi Fraser, disse que o presidente Robert Mugabe não poderia reivindicar qualquer legitimidade na vitória sob o actual clima de violência.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos advertiu que o resto do mundo rejeitaria uma vitória presidencial de Mugabe.
BBC - 25.06.2008