To: Orlando Marques - Orlandom
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Reencaminharam-me indignadas algumas pessoas sobre a questão deturpada do Mural que continua aqui legendada, neste blog Orlando, com autoria errada, apesar de esclarecimento parcial do Machado da Graça (suponho) e do Sr. Martins (pelos vistos bem informado).
Só agora vi este blog com um trabalho meu dando a paternidade a outro que tanto ele como eu não precisamos da boleia um do outro.
Desenho desde 1955. Pinto a óleo desde 1962. Interrompi porque fui para a luta armada de libertação em 1967 enviado pelo poeta José Craveirinha.
Nessa altura estava na minha melhor fase de uma pintura que o poeta José Craveirinha classificou de “do nascimento de uma pintura nativista moderna cheia de muita força e expressão com técnica”. Continuei todavia a desenhar no exílio.
Seria o mesmo poeta (José Craveirinha) que indignado em 2000 instou ao Malangatana que por uma vez por todas dissesse ao público que nada tinha a ver com o Mural.
Isto em 2000 por altura do segundo retoque pelo próprio autor destas linhas por recomendação do presidente Chissano. O então Ministro Hélder Muteia pode confirmar tudo isso e o comité central da Frelimo de então.
A ordem em 1978 (finais) partiu do Presidente Samora Machel e foi totalmente gratuita e sem contra partidas nenhumas. Nem podia ser de outra forma. Recebi uma medalha do Presidente Samora Machel pelo Mural.
De facto fui eu que concebi e dirigi as pinturas no paredão e confirmo o que Sr. António Martins escreveu. E confirmo também que Malangatana nunca esteve naquela parede. Nem podia, primeiro porque não é seu traço de desenho muito gráfico que tenho da escola de artes gráficas e prática profissional intensa dentro e fora de Moçambique, em Tanzania e na Europa (Andorra, Espanha - Ibiza e Portugal).
No início em 1978, cubanos e chilenos do PCP em Moçambique, se voluntariaram para executar o Mural. E ao saber isso eu garanti a meu chefe na altura o Sr. Jorge Rebelo (5º na hierarquia do partido Frelimo de então) que poderia dizer ao Presidente Samora Machel que havia um Moçambicano que poderia executar o Mural que era eu.
Esse assunto só por muita má fé como vejo aqui, continua com a insistência que foi Malangatana uma mentira muito grande até hoje em 2008.
Nunca poderia ele pintar a uma altura daquelas. Quando foi do retoque em 2000 a condição foi a comunicação social de então repor a verdade do Mural.
E fiz um apelo pela Televisão (RTPÁfrica no local quando a Ângela Chin me entrevistou e tbm contei isso tudo).
Os ex-jovens alunos apareceram dias depois até da África do Sul (já quarentões).
Sem dúvida foram eles a base principal dos que me apoiaram como assistentes na 1ª fase em 1979.
Os pintores de tela que convidei para encherem espaços com tinta (que eu assinalava) para depois passar meu traço foram: Mankew Mahumana; Estêvão Macambaco; Moisés Simbine e mais nenhum. O único do grupo que me acompanhava no desenho, tudo que esboçava foi o Moisés Simbine, pelas características magníficas de sua técnica.
Isto foi em Janeiro / Fevereiro de 1979.
Em 2000 rigorosamente nenhum artista plástico esteve no local a apoiar-me porque não quis atendendo a rapidez de execução que precisava implementar.
Recrutei pessoal das obras. E o esquema foi de artes gráficas mescla com obras.
Foi por isso que batemos o recorde de retocar totalmente o Mural em 12 dias acrescentando o céu azul da maqueta original que não fora pintado em 1979 por falta de tempo (foram 22 dias).
E assinei e ainda lá está no canto superior direito do observador.
Desafio qualquer um em Moçambique a pintar um Mural como aquele e sem receber um tostão. Mas pelo menos que reconheçam quem suou naquele paredão.
A César o que é de César. Neste caso a João o que é de João.
Podem tentar outro Mural mas aquele não será possível. Se viajasse no tempo e me tivesse negado a executá-lo quiçá hoje estaria um Mural pintado por cubanos e chilenos.
JOÃO CRAVEIRINHA
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=11532904&postID=111172966096595297
Recorde em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/10/alerta_ao_gover.html